SóProvas


ID
3370789
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
CISAMUSEP - PR
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Universitários em fim de semestre: sobreviventes

Ruth Manus

           Surtados, sem dormir, sem tempo para nada, mas vivos.

       Tá certo que eu sou mais uma dentre uma espécie chamada “professor”, que semi morre todo final de ano. Mas do sofrimento dos professores ninguém duvida. Estamos até um pouco na moda, vira e mexe aparecem posts fofos a nosso respeito, com ursinhos, imagens de pôr do sol e tudo mais.

     Mas, sejamos justos, do drama dos universitários ninguém fala.

    Tento ser durona com meus alunos, mando parar com o mimimi do fim do semestre, mas acabo sempre admitindo, ainda que não conte para eles, que os coitadinhos estão mesmo lascados.

   Eu me lembro bem: segundo ano da faculdade, prova oral de processo civil e previdenciário no mesmo dia. Fatídico dia em que o termo “gastrite” saiu das bulas de remédios e foi parar na minha barriga pela primeira vez.

   Gastrite, torcicolo, enxaqueca, dor nas costas, aftas, espinhas monstruosas. Universitário em época de prova é o sonho de toda farmácia e o pesadelo de todo plano de saúde.

    Homens não fazem a barba, mulheres não depilam a perna. Suspeito, às vezes, que até do banho eles acabem esquecendo. Mas em nome do conhecimento, tá tudo liberado.

     Universitários no fim do ano ficam completamente xaropes. Erram o dia da prova, estudam a matéria errada, vão fazer exame de matéria na qual passaram direito, esquecem caneta, esquecem a mochila, esquecem o nome do professor, quando não esquecem o próprio nome.

    Por alguns dias, essas criaturas chegam ao ponto de passar mais tempo atualizando o portal para tentar verificar as notas (taca-lhe pau no F5) do que no facebook, no whatsapp e no instagram. Juntos.

      E entre novembro e dezembro, quando chego para dar aula antes das 8 da manhã ou ainda estou na faculdade depois das 22 (pois é…), tenho a sensação de estar em um episódio de The Walking Dead. Alunos com aspecto moribundo perambulam pelos corredores como se não houvesse esperança, pensando seriamente em devorar cérebros de professores para ver se facilita na hora da prova.

     E se o aluno estiver precisando de meio pontinho e encontrar o professor na cantina, pode aparecer o Caio Castro, a Ísis Valverde, o Ashton Kutcher ou a Megan Fox, que eles NÃO saem de lá. Oferecem um café, compram sonho de valsa, elogiam a roupa, tudo na maior sinceridade. Como diria Tim Maia, vale tudo.

     E não podemos esquecer da interminável angústia das faltas. “Professor, o sistema está marcando 26 faltas, mas eu juuuuuro que só faltei 3 vezes. Não sei o que houve.”. Clássico. Esses sistemas são mesmo uns canalhas.

      Mas dentre os surtados, o Prêmio Nobel do Surto Acadêmico vai para os que vão defender o TCC. Esses já nem se recordam que existe um negócio chamado “vida”. Passam na frente da banca de jornal e já têm dor de barriga só de pensar na palavra “banca”. O vocabulário se resume a: capa dura, capítulo, rodapé, orientador, espiral e pânico. Não tem água com açúcar, suco de maracujá ou calmante que resolva. O único remédio para essa dor é um composto de 8 letras: a + p + r + o + v + a + d + o.        Mas, falando sério, não é fácil mesmo. Tem que ter muita força de vontade e compromisso. Provas, trabalhos, fichamentos, estágio, emprego, trânsito, ônibus, metrô, chuvaradas no fim da tarde, correria para evitar atrasos, chororô para justificar atrasos. Tem um ou outro fanfarrão, mas a maioria dá duro mesmo.

     Tem conta pra pagar; casa para arrumar; relatório para entregar; filho para cuidar. Desses alunos que têm filho, por sinal, sou fã incondicional.

    Não vou dizer para vocês que quando se formarem melhora. Seria mentira. As responsabilidades crescem em uma proporção bem incompatível com a progressão do salário; as horas de sono não aumentam e ainda tem uma pós, um mestrado e um futuro te esperando.

    Mas posso dizer: vale a pena. Segurem a onda, força na peruca, inspira, respira, não pira. Já já o Natal tá aí. E uma hora o diploma também chega. Talvez vocês já não tenham cabelos, as unhas estejam completamente roídas, as olheiras tenham cor de berinjela e a miopia alcance 8 graus em cada olho, mas acreditem gatinhos, vocês chegam lá. Palavra de quem chegou (com algum cabelo, alguns dentes e alguma sanidade, até que se prove o contrário )

Fonte: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/universitarios-em-fim-de-semestre-sobreviventes/

A respeito da classificação e função da palavra “que”, em destaque no trecho “Desses alunos que têm filho, por sinal, sou fã incondicional.”, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    ? Desses alunos que têm filho, por sinal, sou fã incondicional.

    ? Temos o pronome relativo "que" retomando o substantivo "alunos" e dando início a uma oração subordinada adjetiva restritiva, ele tem função de sujeito do verbo "têm".

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Assertiva C

    É um pronome relativo, com função de sujeito.

  • Inspecionemos o fragmento textual:

    Desses alunos que têm filho, por sinal, sou fã incondicional.”

    O termo em negrito, cuja função sintática é a de sujeito simples, sofre retomada pela pronome relativo "que". Logo, tanto "desses alunos" quanto o "que" exercem a mesma função: sujeito simples.

    a) É uma conjunção integrante, com função de objeto direto.

    Incorreto. Se fosse conjunção integrante, não teria função sintática. Logo, não se trata de conjunção;

    b) É conjunção explicativa, que tem a função de relacionar logicamente as orações.

    Incorreto. Não introduz oração alguma, e sim resgata um segmento (desses alunos);

    c) É um pronome relativo, com função de sujeito.

    Correto. O segmento retomando (desses alunos) é sujeito da oração principal e resgatado pela partícula "que", cuja classificação morfológica é mesmo a de pronome relativo;

    d) É uma partícula expletiva, que enfatiza o sujeito da oração.

    Incorreto. Se se tratasse de partícula expletiva, sua supressão não acarretaria estranheza ou mudança na estrutura. Se suprimido o elemento "que", atestar-se-á notória mudança estrutura e semântica;

    e) É um pronome relativo, com função de objeto direto.

    Incorreto. Efetivamente se trata de um pronome relativo mas de função de sujeito simples.

    Letra C

  • Desses alunos os quais têm filho, por sinal, sou fã incondicional.

    Pronome relativo.

  • Desses alunos os quais têm filho, por sinal, sou fã incondicional.

    Vemos que o "que" tem função de sujeito.

    A palavra "filho" é o Objeto Direto..