SóProvas


ID
3377461
Banca
FCC
Órgão
SPPREV
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    Ilusões do mundo


      Afinal, é mesmo assim: quase sempre nos iludimos. Aquelas nuvens que me pareciam tão de passagem reuniram-se em grupos compactos e prepararam um pequeno dilúvio sobre estes vales de Lindoia. Assim, os forasteiros, surpreendidos, ficaram privados de seus passeios, e as crianças, em turbilhão, começaram a aparecer por baixo de mesas. E foi por isso que os salões do hotel se viram repletos de alaridos.

      Imagina-se que deva ser penoso para um turista ver-se de repente privado das alegrias do ar livre. Mas as virtudes destas águas de Lindoia são tamanhas que aqui ninguém se perturba com os contratempos. Benditas águas... Benditas não só por esse otimismo que propiciam como pelas curas reais que se lhes atribuem. Este conta que se achava repleto de cálculos e agora está livre deles. O que se amofinava com as suas alergias, já nem se lembra mais delas. Tudo graças a copinhos de água, a banhos de imersão e a não sei quantas outras modalidades de aplicações.

      Aprecio essas maravilhas que me são referidas, mas na verdade o que mais me impressiona é o bom humor que observo em redor de mim. Se as pessoas esbarrarem umas nas outras, cometerem, enfim, esses pequenos desatinos que se observam no convívio dos hotéis, há uma cordialidade generalizada que arredonda as arestas da agressividade.

      Acontece, porém, que encontro um sábio que anda perdido sob estas árvores. E o sábio não participa do otimismo geral. O sábio está desgostoso com os apartamentos que já se vão acumulando neste lugar de fontes privilegiadas. Ele vê as coisas em profundidade, e suas previsões são desanimadoras. A bacia destas águas está ameaçada pelas construções que vão sendo feitas indiscriminadamente. A floresta primitiva está quase desaparecida, e não está sendo recomposta, para a devida proteção dos mananciais. Os sábios são, como os artistas, quase sempre melancólicos. Porque avistam mais longe, porque antes que as coisas aconteçam já estão padecendo com as suas consequências... O sábio amava as águas miraculosas. Estava sofrendo por elas. Era a única pessoa triste, no meio de tanto bom humor. Mas era a pessoa mais esclarecida. E, por sua causa, e por sua sapiência, aquele paraíso me pareceu precário, e fiquei também inclinada sobre Lindoia, carpindo, desde já, a possibilidade do seu desaparecimento...

(Adaptado de: MEIRELES, Cecília. Ilusões do mundo. São Paulo: Global Editora, 2014, 1a edição digital) 

Depreende-se corretamente que, no trecho

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? Os sábios são, como os artistas, quase sempre melancólicos. Porque avistam mais longe, porque antes que as coisas aconteçam já estão padecendo com as suas consequências..

    ? Temos uma conjunção subordinativa causal e ela equivale a "já que" (=expressa a causa que faz com que os sábios, assim como os artistas, sejam melancólicos).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Gab B

    ***

    A- A autora não é ironica e muito menos questiona o poder de cura das águas de Lindoia.

    B- Correto, conjunção causal porque demonstrando a causa do sábio ter melanconia.

    C-Ao contrário, ao longo do texto, a autora afirma que a agressividade dá lugar a cordialidade.

    D-Autora não tem postura de tentar convencer ninguém, ela está devaneando, fazendo observações sobre o que ve e sente.

    E-Não só não condena aquele homem, o sábio, como ainda se compadece e, ao que me parece, coaduna com seu pensamento.

  • A questão requer interpretação textual. É uma questão que, a partir dos dados descritos no texto, o leitor possa absorver as ideias contidas nele.

    ALTERNATIVA (A) INCORRETA – Com este trecho “Tudo graças a copinhos de água" (2° parágrafo), a autora justifica o fato de um turista ter se curado de suas alergias, tudo por causa das águas de Lindoia, que acaba tendo um poder de cura, e a ilusão a que se refere é o fato de as pessoas acharem que construindo vários edifícios no lugar da floresta viverão melhor do que antes.

    ALTERNATIVA (B) CORRETA – Este trecho, "porque antes que as coisas aconteçam já estão padecendo com as suas consequências" (último parágrafo), mostra o motivo da melancolia de sábios e artistas porque estão vendo a floresta desaparecendo e as águas ameaçadas por conta do progresso.

    ALTERNATIVA (C) INCORRETA – Este trecho, “os forasteiros, surpreendidos, ficaram privados de seus passeios" (1° parágrafo), justifica o fato de os turistas terem de ir para o hotel por conta da chuva e, com isso, ficarem impedidos de passear pela cidade de Lindoia. Porém, sem demonstração de agressividade.

    ALTERNATIVA (D) INCORRETA – Este trecho, “Mas as virtudes destas águas de Lindoia são tamanhas que aqui ninguém se perturba com os contratempos" (2° parágrafo), só justifica que, embora esteja chovendo, os turistas não se importam de ir até as águas de Lindoia, por conta das virtudes destas águas.

    ALTERNATIVA (E) INCORRETA – Com este trecho “E, por sua causa, e por sua sapiência, aquele paraíso me pareceu precário" (último parágrafo), a autora só confirma o fato de como a cidade de Lindoia é o lugar da felicidade. A questão de ter lhe parecido precário é o fato de que nunca mais aquelas paisagens serão vistas.

    GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (B)

  • A questão requer interpretação textual. É uma questão que, a partir dos dados descritos no texto, o leitor possa absorver as ideias contidas nele.

    ALTERNATIVA (A) INCORRETA – Com este trecho “Tudo graças a copinhos de água" (2° parágrafo), a autora justifica o fato de um turista ter se curado de suas alergias, tudo por causa das águas de Lindoia, que acaba tendo um poder de cura, e a ilusão a que se refere é o fato de as pessoas acharem que construindo vários edifícios no lugar da floresta viverão melhor do que antes.

    ALTERNATIVA (B) CORRETA – Este trecho, "porque antes que as coisas aconteçam já estão padecendo com as suas consequências" (último parágrafo), mostra o motivo da melancolia de sábios e artistas porque estão vendo a floresta desaparecendo e as águas ameaçadas por conta do progresso.

    ALTERNATIVA (C) INCORRETA – Este trecho, “os forasteiros, surpreendidos, ficaram privados de seus passeios" (1° parágrafo), justifica o fato de os turistas terem de ir para o hotel por conta da chuva e, com isso, ficarem impedidos de passear pela cidade de Lindoia. Porém, sem demonstração de agressividade.

    ALTERNATIVA (D) INCORRETA – Este trecho, “Mas as virtudes destas águas de Lindoia são tamanhas que aqui ninguém se perturba com os contratempos" (2° parágrafo), só justifica que, embora esteja chovendo, os turistas não se importam de ir até as águas de Lindoia, por conta das virtudes destas águas.

    ALTERNATIVA (E) INCORRETA – Com este trecho “E, por sua causa, e por sua sapiência, aquele paraíso me pareceu precário" (último parágrafo), a autora só confirma o fato de como a cidade de Lindoia é o lugar da felicidade. A questão de ter lhe parecido precário é o fato de que nunca mais aquelas paisagens serão vistas.

    GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (B)