SóProvas


ID
3384385
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Ji-Paraná - RO
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder à questão.


Escrever


    A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse.

    Primeiro, evite estes coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não dicionarizadas e de tudo mais que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em quando, [...] aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas, em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito escrito, reescreva.

    Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa, peça autorização ao bispo de plantão e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador.

    Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem assim”, uma chata que usa o truque de afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar.

    [...]

    É mais ou menos por aí, eu disse para a menina que me perguntou como é essa coisa de escrever.

    Para sinalizar o trânsito das ideias, use apenas o ponto e a vírgula, nunca juntos. Faça com que o primeiro chegue logo, e a outra apareça o mínimo possível. Vista Hemingway, só frases curtas. Ouça João Cabral, nada de perfumar a rosa com adjetivos.

    [...]

    O texto deve correr sem obstáculos, interjeições, dois pontos, reticências e sinais que só confundem o passageiro que quer chegar logo ao ponto final. Cuidado com o “que quer” da frase anterior, pois da plateia um gaiato pode ecoar um “quequerequé” e estará coberto de razão. A propósito, eu disse para a menina, perca a razão quando lhe aparecer um clichê desses pela frente.

    Você já se livrou do “mas”, agora vai cuidar do “que” e em breve ficará livre da tentação de sofisticar o texto com uma expressão estrangeira. É out. Escreva em português. Aproveite e diga ao diagramador para colocar o título da matéria na horizontal e não de cabeça para baixo, como está na moda, como se estivesse num jornal japonês.

    [...]

    De vez em quando, abra um parágrafo para o leitor respirar. Alguns deles têm a mania de pegar o bonde no meio do caminho e, com mais parágrafos abertos, mais possibilidades de ele embarcar na viagem que o texto oferece. Escrever é dar carona. Eu disse isso e outro tanto do mesmo para a menina. Jamais afirmei, jamais expliquei, jamais contei ou usei qualquer outro verbo de carregação da frase que não fosse o dizer. Evitei também qualquer advérbio em seguida, como “enfaticamente”, “seriamente” ou “bemhumoradamente”. Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras, e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de lençol. Elas forram o texto, deixam tudo limpo e dão conforto. Escrever é desarrumar a cama.

SANTOS, Joaquim Ferreira dos. Escrever. Veja, jan 2011. (Fragmento). Disponível em https://veja.abril.com.br

Em “Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras, e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de LENÇOL.”, o segmento destacado, como efeito expressivo, é um meio de nomear um conceito de um dado domínio de conhecimento pelo emprego de uma palavra usual em outro domínio. Essa versatilidade é denominada:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    ? ?Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras, e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de LENÇOL.?

    ? Temos o uso de uma linguagem figurada, uma linguagem metafórica, marca a ideia de uma comparação feita em relação a serventia delas, não é usado qualquer conectivo (=metáfora).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • a)   EUFEMISMO: consiste em empregar um expressão mais suave para comunicar alguma coisa.

    Ex.: Fernando faltou com a verdade. (=mentiu)

    b)   GRADAÇÃO: consiste em dispor as ideias por meio de palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decrescente.

    Ex.: Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor.

    c)   IRONIA: consiste em dizer o contrário.

    Ex.: Como você foi bem na última prova, não tirou nem a nota mínima.

    d)   METÁFORA: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra.

    Ex.: Minha prima é uma flor.

    e)   METONÍMIA: consiste em empregar um termo no lugar do outro.

    Ex.: Gosto de ler Machado de Assis (Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis)

    Fonte: Resumo da colega Anne Grasiele Santos - aqui do QC.

    Onomatopeia é uma figura de linguagem que reproduz fonemas ou palavras que imitam os sons naturais, quer sejam de objetos, de pessoas ou de animais.

    Antíteses = é uma figura de linguagem caracterizada pela apresentação de palavras de sentidos opostos. A palavra antítese tem origem no termo grego antithesis, que significa resistência ou oposição.

    Perífrase, consiste no uso de maior quantidade de palavras para exprimir o que poderia ser dito com menos palavras. Muitos autores não fazem distinção entre antonomásia (trata dos apelidos) e perífrase, outros exemplos: 

    – O poeta dos escravos escreveu poemas condoreiros. (Castro Alves)

    – A terra dos faraós é ainda um lugar misterioso. (Egito)

    – A rainha dos baixinhos continua fazendo sucesso. (Xuxa)