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ID
3386146
Banca
IADES
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2019
Provas
Disciplina
História
Assuntos

A respeito das origens do processo de Independência do Brasil, julgue (C ou E) o item a seguir.



Inspirada pelas Cortes de Cádiz, que limitaram o poder da monarquia espanhola, deflagrou-se na cidade do Porto, em 1820, uma revolução similar, cujos desdobramentos logo se fariam sentir nos dois lados do Atlântico. No caso do Brasil, o confisco indiscriminado de residências particulares, a inquietação das tropas desmobilizadas após a Revolução Pernambucana e a insatisfação das províncias com as elevações dos impostos minavam a autoridade da Coroa.

Alternativas
Comentários
  • minavam no sentido de atormentavam, preocupavam

  • A Revolução Pernambucana é apontada como, praticamente, a única rebelião anterior à independência política do Brasil que ultrapassou a fase da conspiração. Os rebeldes tomaram o poder e permaneceram no governo por 75 dias, de 6 de março a 19 de maio de 1817.
  • GABARITO: CERTO

    Pouco se fala nas Cortes de Cádiz aqui no Brasil, e praticamente não há conteúdo em português sobre o assunto, porém o fato é que esse ''evento'' iniciado em 1810 na Espanha vai influenciar a Revolução Liberal do Porto de 1820, que é o assunto principal da questão. As duas cortes, tanto na Espanha como em Portugal, vão impulsionar um processo de limitação do poder absolutista das monarquias espanhola e portuguesa, o que vai ser de grande importância não só na Europa, como também na América. A partir de 1820 as cortes portuguesas exigem a volta da família real que estava no Rio de Janeiro para Lisboa, e também a recolonização do Brasil, que havia sido elevado a Reino em 1815. Naquele momento, o poder central português estava concentrado no Rio. Era como uma inversão, onde a metrópole estava na América e a colônia na Europa, com todas as ressalvas do mundo para essa afirmação, é apenas um joguete de palavras. Sendo assim, somado a alguns fatores já mencionadas no enunciado, a coroa portuguesa em 1820 estava em perigo, sendo atacada tanto em Portugal como no Brasil.

  • A Revolução do Porto eclodiu em Portugal em 1820. Ele tinha um caráter liberal, ao menos no que se refere à política portuguesa. A proposta chave era a de submeter a autoridade do monarca à autoridade de um poder legislativo. Ou seja, ao poder das Cortes. Seria então necessário não só que D. João VI abandonasse o Brasil e voltasse a Portugal como também jurasse uma constituição.

    O movimento, ao mesmo tempo que tinha um projeto liberal para Portugal, pretendia a recolonização do Brasil. A abertura dos portos, ou seja, o fim do exclusivo colonial, havia prejudicado, e muito, o lucro de comerciantes portugueses intermediários das riquezas levadas da colônia. As modificações estabelecidas por D. João VI na estrutura administrativa em nada agradavam a Portugal porquanto davam maior capacidade de ação aos órgãos administrativos regionais. Da mesma forma, a elite lisboeta vinculada à coroa havia perdido uma série de privilégios com a transferência da capital do Império para o Rio de Janeiro.

    No Brasil há uma divergência de opiniões acerca da revolução do Porto. As regiões do NE são mais favoráveis às demandas dos revoltosos portugueses pois havia muitos que amargavam prejuízos com o comércio livre e direto com as Nações amigas desde 1808. No entanto, no centro do poder, na região ao redor da capital e em direção ao sul, a autoridade da Coroa era seguidamente contestada por conta da requisição indiscriminada de residências particulares no Rio de Janeiro para abrigo dos que vieram com a família, por conta da desmobilização de tropas após a revolução pernambucana – elas perdem função e, finalmente, por conta do aumento de impostos para o sustento da Coroa.

    Assim sendo, podemos concluir que a afirmativa apresentada na questão está correta.

    RESPOSTA: AFIRMATIVA CORRETA
  • O confisco de residências particulares para abrigar a transferência emergencial da Corte portuguesa também se prolongava perigosamente e a falta de limites legais à autoridade real criava uma série de incômodos que começavam a se voltar contra a autoridade da própria Coroa portuguesa.

    Por fim, a Revolução Pernambucana (1817) dava a máxima expressão desse pensamento liberal frente às contradições do absolutismo monárquico na transferência da Corte o Brasil. Ainda que D. João tenha saído vitorioso sobre os revoltosos pernambucanos, a instabilidade continuou a ser presente na região, e as tropas desmobilizadas após a vitória foram um desses elementos de tensão, já que tinham tido contato com as ideias revolucionárias e observado as contradições do absolutismo.