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ID
3386482
Banca
IADES
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2019
Provas
Disciplina
Economia
Assuntos

O Brasil passou por diversos momentos de expansão fiscal em sua trajetória. Acerca desses momentos e de suas consequências, julgue (C ou E) o item a seguir.



As taxas de inflação elevadas, verificadas na segunda metade do século 20, permitiram que o sistema bancário brasileiro atuasse com taxas de juros reais negativas, além de permitir uma melhor situação de liquidez e solvência. O final do período inflacionário dificultou a situação de diversos bancos, apesar do aumento da demanda por crédito, provocada pela estabilidade monetária.

Alternativas
Comentários
  • Daniel Sousa professor

    Correta.

    Muitos bancos no Brasil não sabiam mais operar em condições de estabilidades,

    pois estavam viciados em ganhar apenas sobre a inflação. Houve a necessidade de

    socorro aos bancos por parte do governo.

  • Alguém poderia explicar a parte:  "permitiram que o sistema bancário brasileiro atuasse com taxas de juros reais negativas, além de permitir uma melhor situação de liquidez e solvência".

  • Juro real é a taxa de juros descontada pela  de um período. Quando o juro real fica negativo, significa que a remuneração fixada pelo Banco Central é menor que a desvalorização do dinheiro ao longo do tempo.

  • As taxas de inflação elevadas, verificadas na segunda metade do século 20, permitiram que o sistema bancário brasileiro atuasse com taxas de juros reais negativas: não houve crise bancária, apesar de haver crise inflacionária. O banco se utilizava da própria inflação para aumentar sua receita. Assim, na medida em que já havia ganhos exorbitantes, é possível atuar com taxa de juros negativas.

    além de permitir uma melhor situação de liquidez e solvência: por operar com taxas de juros negativas (abaixo da inflação) o devedor consegue ser beneficiado e pagar suas dívidas (em tese!), fazendo a economia girar.

    O final do período inflacionário dificultou a situação de diversos bancos, apesar do aumento da demanda por crédito, provocada pela estabilidade monetária: sim, pois os bancos não estavam organizados para operar em estabilidade (inflação controlada) e, por isso, muitos quebraram. A partir do momento que não há valores altos de arrecadação, fica inviável emprestar a juros mais baixos e, na prática, o banco (os de pequeno e médio porte) acabou ficando sem recursos.

  • Certo.

    Fiquei em dúvida com a primeira parte, depois de refletir entendi o seguinte:

    • As taxas de inflação elevadas, verificadas na segunda metade do século 20, permitiram que o sistema bancário brasileiro atuasse com taxas de juros reais negativas, além de permitir uma melhor situação de liquidez e solvência.

    Como a inflação era muito alta, os juros cobrados pelo Banco Central na prática eram negativos. Encontrei esses dados que mostram isso:

    • 1985

    Taxa SELIC: 219%

    Inflação: 242%

    = juros reais - 6.7%

    • 1990:

    Taxa SELIC: 1153%

    Inflação: 1621%

    = juros reais - 27.2%

    • O final do período inflacionário dificultou a situação de diversos bancos, apesar do aumento da demanda por crédito, provocada pela estabilidade monetária.

    Certo. O governo precisu criar o PROER em 1995. Basicamente, muitos bancos funcionavam como agiotas baseados na distorção de percepções causada pela inflação. Quando a moeda voltou a "valer", muitos bancos não conseguiram se manter.

    O % de lucro dos bancos passou de 35% em 1990 para 0.6% em 1995.

    Entraram em recuperação bancos como Bamerindus, Pontual e Crefisul

    Fontes:

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_de_Est%C3%ADmulo_%C3%A0_Reestrutura%C3%A7%C3%A3o_e_ao_Fortalecimento_do_Sistema_Financeiro_Nacional#:~:text=O%20Proer%2C%20ou%20Programa%20de,implementado%20em%20novembro%20de%201995.

    https://www.youtube.com/watch?v=KkszB9x1Fp0

    https://drunkeynesian.blogspot.com/2012/05/um-historico-longo-de-juros-no-brasil.html

  • Questão sobre Economia Brasileira, mais especificamente sobre o sistema bancário e o contexto de alta inflação.

    Vamos analisar:

    Primeiro, "segunda metade do século 20" é um período muito longo para se analisar, nesse contexto se tem altíssimas taxas de inflação da década de 80, PAEG no início do governo militar, fenômeno da agiotagem, enfim muita coisa relacionada ao sistema bancário.

    Porém, pode-se deduzir que a assertiva cobra mesmo o contexto das elevadas taxas de inflação dos anos 80 e início dos 90, bem como a atuação dos bancos nesse contexto.

    Os bancos possuíam mecanismos de indexação (correção monetária/inflacionária) muito eficientes e eficazes como, por exemplo, o "overnight". Assim, diferente de boa parte da população, conseguiam não serem prejudicados pela inflação e, dessa forma, conseguiam ganhar com a inflação, ao contrário do que acontecia com muita gente.

    Isso possibilitava lucros, liquidez e solvência mesmo com taxas de juros reais negativas (decorrentes da alta inflação). Todavia eram ganhos "artificiais", os quais desapareceram de repente com o fim da inflação. É fato conhecido que diversos bancos passaram por muitas dificuldades, falências e auxílio do governo após o fim do período das altas taxas de inflação na década de 90.


    Gabarito do Professor: CERTO.