Palco da polêmica em torno da prisão de quatro ambientalistas acusados de incendiar uma área protegida na Amazônia, o povoado de Alter do Chão, em Santarém (PA), vive nos últimos anos uma forte disputa em torno do modelo de turismo na região.
Na tarde desta quinta-feira (28/11), a Justiça determinou a soltura dos quatro ativistas, integrantes da Brigada de Alter do Chão, grupo que ajuda a combater incêndios florestais na região.
De um lado, famílias poderosas e empresários locais defendem a construção de grandes hotéis e resorts à beira do rio Tapajós, conhecido pelas águas cristalinas e pelas praias de areia branca.
De outro, movimentos sociais e ONGs ambientalistas — como as vinculadas ao grupo que foi preso — advogam um turismo de menor impacto, que preserve as características da região e impeça a expulsão de comunidades tradicionais.
Esse embate é o pano de fundo da prisão dos integrantes da Brigada, diz à BBC News Brasil o cientista social Maurício Torres, ex-morador de Alter do Chão e professor da Universidade Federal do Pará (Ufpa), em Belém.
Especialista em conflitos territoriais no Pará, Torres diz que a lógica das disputas em Alter do Chão é distinta da que se observa em muitas outras partes da Amazônia.