Os especialistas explicam que a expansão das principais facções criminosas do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), rumo ao Norte e Nordeste, . "O ano de 2017 começou com matanças nos presídios no Amazonas, Rio Grande do Norte e Roraima. O sistema ficou muito conflagrado, porque se imaginava depois dessas três ondas um efeito dominó", explica Paes Manso, coautor do livro (Todavia, 2018). A guerra nos presídios teve reflexos nas ruas, acirrando os conflitos e elevando os índices de criminalidade daquele ano. Mas, com o tempo, a tensão entre os grupos rivais começou a diminuir a partir de armistícios e pactos de não-agressão.
Os dados Monitor da Violência, que são os mais atualizados, mostraram que a letalidade violenta caiu 10% já em 2018, ano com um total de 57.117 mortes. Isso porque a tensão entre os grupos rivais começou a diminuir a partir de armistícios e pactos de não-agressão. Em comparação com os cinco primeiros meses do ano passado, as mortes violentas em Estados como Acre, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Ceará caíram mais de 24%. Só no Ceará a queda foi de 53%.
Os especialistas que elaboram anualmente o Atlas da Violência, documento produzido pelo Ipea e considerado um dos melhores estudos sobre a violência em nosso país, explicam que a tendência de queda da violência observado nacionalmente, que começou no início de 2018, pode ser explicada por uma acomodação de forças das principais facções criminosas.
Segundo o Atlas, tendo em vista que as maiores diminuições nas taxas de homicídios em 2018 ocorreram exatamente nos estados onde estava em curso, com maior intensidade, uma guerra entre as facções que eclodiu no final de 2016, não se pode descartar a hipótese de a queda das mortes em 2018 e início de 2019 estar intrinsicamente ligada a um processo de acomodação dessas escaramuças, uma vez que economicamente é inviável manter uma guerra de maior intensidade durante anos a fio.
Resposta: A
O Comando Vermelho (CV), organização criminosa criada nos anos 1970, em meio ao contexto do Brasil da ditadura militar, cresceu para além das fronteiras do estado do Rio de Janeiro. Passou a controlar rotas de comércio de drogas pelo Brasil e América Latina.
Por sua vez, o Primeiro Comando da Capital (PCC), surgido durante os anos 1990 e tendo aparecido no país após o caso do massacre do Carandiru de 1992, desenvolveu-se como a maior organização criminosa do país em virtude de erros nas políticas de Estado de separação dos líderes dessas facções criminosas.. Isso, ao invés de fragmentar o poder, multiplicou-o pelo território nacional via presídios do interior do país, de onde saem as ordens de seus principais líderes para as ações coordenadas tanto nas ruas quanto nos presídios.
Um exemplo é o das rebeliões de 2017, ano que marcou a aparente disputa pelo poder do tráfico de drogas nacional e internacional entre CV e PCC. As limitações de ações das políticas estaduais para o controle da violência e do crime organizado, o avanço do tráfico de drogas associado às falhas do poder público no seu combate além da corrupção de agentes públicos nesse processo faz com que os comandos dessas facções criminosas decidam o que acontece nos rumos das disputas pelo controle das áreas de tráfico de drogas.
Chega, inclusive, ao ponto de elas mesmas negociarem o início de uma onda de crimes pelas cidades e estados do Brasil assim como a sua trégua, mediante o atendimento das demandas de seus líderes.
Para responder a questão, é necessário conhecimento acerca da origem desses grupos criminosos organizados e, como influenciam diretamente nas ondas de violência coordenadas nas cidades controladas por ambos.
Uma das alternativas indica uma das razões pelas quais a onda de violência tem tido queda desde 2018
A) CORRETA – Em virtude da pouca ou nenhuma ação das polícias estaduais no combate ao crime organizado em suas regiões administrativas, as próprias facções que dominam as áreas ocupadas dão o tom do que acontece ou não nas cidades. O papel da polícia acaba sendo tão somente o de impedir a ação criminosa em determinadas áreas de fronteira socioeconômicas.
B) INCORRETA – As ações do governo federal no combate ao tráfico de drogas têm maior efetivo nas fronteiras internacionais e , na manutenção dos principais líderes dessas facções criminosas presos na tentativa de isolá-los dos seus comandados. A tentativa de pulverização dessas lideranças pelos presídios federais não enfraqueceu os grupos, mas os fortaleceu na medida em que multiplicou seu raio de ação.
C) INCORRETA – As principais facções criminosas do país, Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital, não só permanecem como também controlam as maiores atividades do tráfico nacional e internacional de drogas além de manter uma rede de corrupção de agentes públicos, portos e aeroportos.
D) INCORRETA – O aumento das tensões entre os grupos rivais se dá na medida em que seus mercados são ameaçados uns pelos outros. No entanto, quando sua ação no tráfico de drogas se vê ameaçada, unem-se em ações coordenadas para tentar impedir a ação do Estado para contê-los.
Gabarito do Professor: Letra A.