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ID
3414217
Banca
VUNESP
Órgão
EBSERH
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Prazeres da “melhor idade”


      A voz no aeroporto de Congonhas anunciou: “Clientes com necessidades especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e portadores do cartão tal terão preferência etc.”. Num rápido exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do dito cartão, só me restava a “melhor idade” – algo entre os 60 anos e a morte.

      Para os que ainda não chegaram a ela, “melhor idade” é quando você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis que deixou cair e, se ninguém estiver olhando, chuta-o para debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida. Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro*, a uma modalidade olímpica.

      Privilégios da “melhor idade” são o ressecamento da pele, a osteoporose, as placas de gordura no coração, a pressão lembrando placar de basquete americano, a falência dos neurônios, as baixas de visão e audição, a falta de ar, a queda de cabelo, a tendência à obesidade e as disfunções sexuais. Ou seja, nós, da “melhor idade”, estamos com tudo, e os demais podem ir lamber sabão.

      Outra característica da “melhor idade” é a disponibilidade de seus membros para tomar as montanhas de estimulantes e antidepressivos que seus médicos lhes receitam e depois não conseguem retirar. Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon. Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca, o rapaz perguntou: “Voltando da farra, Ruy?”. Respondi, eufórico: “Que nada! Estou voltando da farmácia!”. E esta, de fato, é uma grande vantagem da “melhor idade”: você extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir.

                                    (Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 29.01.2012. Adaptado)

*João Ubaldo Ribeiro: escritor baiano, autor, entre várias obras, de Viva o povo brasileiro.

Considere os trechos selecionados do texto.


•  Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro, a uma modalidade olímpica. (2° parágrafo)

•  Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca… (último parágrafo)


Com base nesses trechos, é correto afirmar que o autor se serve

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    ?? Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro, a uma modalidade olímpica. (2° parágrafo) ? observa-se que o autor usou da hipérbole (=figura de linguagem que denota exagero, o autor exagera ao dizer o ato de amarrar o cadarço do sapato equivale a uma modalidade olímpica.

    ?? Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca? (último parágrafo) ? aqui o exagero é em relação a uma comparação feita com uma espécie de dinossauro (=demonstra, através do humor, a velhice).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Assertiva d

    do exagero, para expor o tema da velhice por meio de um tom leve e humorístico.

    Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca

  • Em um primeiro momento pensei em comparação. Mas as alternativas não me deixaram escolha.

  • Em um primeiro momento pensei em comparação. Mas as alternativas não me deixaram escolha.

  • Ao comparar-se com um pterodáctilo, há um exagero por parte do autor.

    Sucesso,bons estudos não desista!

  • Nitidamente se percebe que ele usa da HIPÉRBOLE em algumas frases do texto para se referir a melhor idade...

  • UM TEXTO BEM FEITO, SEM DEVANEIOS E ABSTRAÇÕES, É MUITO BOM DE LER. A QUESTÃO FICA ATÉ MAIS FÁCIL

  • Acho que muitos que defendem que é a ''melhor idade'' falam da boca pra fora...não é possível achar isso na realidade kkkkk