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ID
3414223
Banca
VUNESP
Órgão
EBSERH
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Prazeres da “melhor idade”


      A voz no aeroporto de Congonhas anunciou: “Clientes com necessidades especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e portadores do cartão tal terão preferência etc.”. Num rápido exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do dito cartão, só me restava a “melhor idade” – algo entre os 60 anos e a morte.

      Para os que ainda não chegaram a ela, “melhor idade” é quando você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis que deixou cair e, se ninguém estiver olhando, chuta-o para debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida. Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro*, a uma modalidade olímpica.

      Privilégios da “melhor idade” são o ressecamento da pele, a osteoporose, as placas de gordura no coração, a pressão lembrando placar de basquete americano, a falência dos neurônios, as baixas de visão e audição, a falta de ar, a queda de cabelo, a tendência à obesidade e as disfunções sexuais. Ou seja, nós, da “melhor idade”, estamos com tudo, e os demais podem ir lamber sabão.

      Outra característica da “melhor idade” é a disponibilidade de seus membros para tomar as montanhas de estimulantes e antidepressivos que seus médicos lhes receitam e depois não conseguem retirar. Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon. Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca, o rapaz perguntou: “Voltando da farra, Ruy?”. Respondi, eufórico: “Que nada! Estou voltando da farmácia!”. E esta, de fato, é uma grande vantagem da “melhor idade”: você extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir.

                                    (Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 29.01.2012. Adaptado)

*João Ubaldo Ribeiro: escritor baiano, autor, entre várias obras, de Viva o povo brasileiro.

Assinale a alternativa em que a reescrita da frase do segundo parágrafo preserva o sentido original do texto.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? Frase original do texto: Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida.

     a) Ou, depois que atravessa a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho, se bem que o sinal tenha aberto e agora terá de correr para salvar a vida ? o termo em destaque está expressando um valor temporal de algo que ocorre posteriormente, a ideia original é de algo que ocorre concomitantemente (=ao mesmo tempo).
     b) Ou, quando atravessa a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho, já que o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida ? correto, oração subordinada adverbial temporal (=valor concomitante); conjunção subordinativa causal "já que".
     c) Ou, assim que atravessa a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho, mesmo que o sinal tenha aberto e agora terá de correr para salvar a vida ? conjunção subordinativa concessiva, orginalmente, temos uma conjunção subordinativa causal (=porque, equivale a "já que", "visto que").
     d) Ou, caso tenha atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho, ainda que o sinal tenha aberto e agora terá de correr para salvar a vida  ? conjunção subordinativa concessiva, orginalmente, temos uma conjunção subordinativa causal (=porque, equivale a "já que", "visto que").
     e) Ou, antes que atravesse a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho, pois o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida ? o termo em destaque está expressando um valor temporal de algo que ocorre anteriormente, a ideia original é de algo que ocorre concomitantemente (=ao mesmo tempo).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Essa tava mamãozinho.

  • Dica: não façam como o mongolão aqui e leiam as alternativas umas 3 vezes pra ver se tá certo mesmo.

    ALTERNATIVA B