SóProvas


ID
3419500
Banca
VUNESP
Órgão
Valiprev - SP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão .



        Se a vida é um vale de lágrimas, por que não processar os pais por nos terem trazido ao mundo?

      Se o leitor nunca pensou nessa hipótese, isso pode significar duas coisas. Primeiro, que é uma pessoa sã. Segundo, que nunca leu a saga do indiano Raphael Samuel, 27, que tentou processar os progenitores, segundo o jornal “The Guardian”.

      Sim, Samuel confessa que tem uma excelente relação com eles. Mas há, digamos, um “pecado original” que o rapaz não pode perdoar: ele nasceu sem dar o seu consentimento. Uma indenização, ainda que simbólica, seria uma forma de fazer doutrina: quando queremos ter filhos, é importante ter o consentimento deles.

      Por essa altura, o leitor inteligente que lê as minhas colunas já deve ter feito uma pergunta fundamental: como obter esse consentimento? E, já agora, em que fase?

      A ciência terá aqui uma palavra importante. Mas, conhecendo o narcisismo da espécie e a tendência irresistível de marchar pelas causas mais improváveis, não é de excluir que adolescentes de todas as idades, frustrados com a vida e com a necessidade de escovar os dentes, encontrem em Raphael Samuel um modelo (de negócio).

      Antigamente, os pais poupavam para a universidade dos filhos. Hoje, convém poupar primeiro para a indenização que eles nos vão pedir.

      No limite, ver o filho a pedir uma indenização aos pais por ter nascido faz tanto sentido como pedir uma indenização ao filho por ele não querer estar cá. Quem disse que só o filho pode ter razões de queixa?

      O problema dos cálculos meramente utilitaristas é que eles são dotados de uma espantosa flexibilidade. E da mesma forma que os filhos avaliam os seus danos por terem nascido, os pais podem atuar da mesma forma.

      Investiram tudo no delfim – patrimônio genético, tempo, dinheiro, sanidade e expectativas legítimas de que ele seria um adulto.

      Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.


(João Pereira Coutinho, Alô, filho, você quer mesmo sair?

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br.

Acesso em: 15.11.2019. Adaptado)

O trecho que aponta um argumento a favor de processos para o filho indenizar os pais é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    ? Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar (=essa alternativa marca uma ideia favorável à indenização, sendo, dessa forma, a nossa resposta).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Assertiva A

    Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.

    "Realidade " Fda

  • Mais uma questão duplicada!

  •  Note que, no enunciado, há a exigência de análise de cada trecho expresso nas alternativas para fazer o apontamento de um argumento positivo a favor de um filho que move processo contra os pais, embora o autor seja veementemente contrário à atitude. Logo, precisamos observar, com atenção, para identificar a única possibilidade existente no texto que valide a indenização contra os progenitores. Vamos analisar as alternativas para identificar a única que contém um argumento a favor de processos movidos por filhos.

    a) Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.
    CERTO – Observe que o ingrato é o filho no contexto. Ao longo do texto, o autor explicita as atitudes de pessoas ao se tornarem pais e que não são consideradas pelos seus herdeiros. Portanto, ele chega à conclusão que, se nenhum desses feitos podem levar o jovem à consciência, o processo contra os pais é inevitável e apenas uma força divina poderá salvá-los desse tormento.
    b) Uma indenização, ainda que simbólica, seria uma forma de fazer doutrina: quando queremos ter filhos, é importante ter o consentimento deles.
    ERRADO – O autor alega que a indenização exigida pelo filho seria uma forma de elaborar uma doutrinação para os possíveis pais que, ao quererem filhos, precisarão consulta-los se querem nascer. Além da impossibilidade do fato, o autor ironiza.
    c) Mas há, digamos, um “pecado original" que o rapaz não pode perdoar: ele nasceu sem dar o seu consentimento.
    ERRADO- Não valida o processo movido pelo rapaz, mas sim ironiza a atitude como indenização por um “pecado original".
    d) Hoje, convém poupar primeiro para a indenização que eles nos vão pedir.
    ERRADO – Observe que, nesta alternativa, existe uma orientação crítica para que os pais poupem para pagar a indenização, no entanto não valida a postura dos filhos.
    e) O problema dos cálculos meramente utilitaristas é que eles são dotados de uma espantosa flexibilidade.
    ERRADO – Não há argumento que valide a ação do filho contra os pais.
    GABARITO: A
  •  Note que, no enunciado, há a exigência de análise de cada trecho expresso nas alternativas para fazer o apontamento de um argumento positivo a favor de um filho que move processo contra os pais, embora o autor seja veementemente contrário à atitude. Logo, precisamos observar, com atenção, para identificar a única possibilidade existente no texto que valide a indenização contra os progenitores. Vamos analisar as alternativas para identificar a única que contém um argumento a favor de processos movido por filhos.

    a) Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.
    CERTO – Observe que o ingrato é o filho no contexto. Ao longo do texto, o autor explicita as atitudes de pessoas ao se tornarem pais e que não são consideradas pelos seus herdeiros. Portanto, ele chega à conclusão que, se nenhum desses feitos podem levar o jovem à consciência, o processo contra os pais é inevitável e apenas uma força divina poderá salvá-los desse tormento.
    b) Uma indenização, ainda que simbólica, seria uma forma de fazer doutrina: quando queremos ter filhos, é importante ter o consentimento deles.
    ERRADO – O autor alega que a indenização exigida pelo filho seria uma forma de elaborar uma doutrinação para os possíveis pais que, ao quererem filhos, precisarão consulta-los se querem nascer. Além da impossibilidade do fato, o autor ironiza.
    c) Mas há, digamos, um “pecado original" que o rapaz não pode perdoar: ele nasceu sem dar o seu consentimento.
    ERRADO- Não valida o processo movido pelo rapaz, mas sim ironiza a atitude como indenização por um “pecado original".
    d) Hoje, convém poupar primeiro para a indenização que eles nos vão pedir.
    ERRADO – Observe que, nesta alternativa, existe uma orientação crítica para que os pais poupem para pagar a indenização, no entanto não valida a postura dos filhos.
    e) O problema dos cálculos meramente utilitaristas é que eles são dotados de uma espantosa flexibilidade.
    ERRADO – Não há argumento que valide a ação do filho contra os pais.
    GABARITO: A
  • GABARITO DUVIDOSO!

    Gabarito da banca: letra A.

    Gabarito possível: letra E.

    A. argumento a favor dos pais = o filho querer fazer contas

    B. argumento a favor do filho processar os pais

    C. argumento a favor do filho processar os pais

    D. argumento a favor do filho processar os pais

    E. a flexibilidade de se usar os cálculos também enseja a possibilidade dos pais processarem os filhos ("da mesma forma que os filhos avaliam os seus danos por terem nascido, os pais podem atuar da mesma forma.")

    Penso que a letra E não está de todo errada.

  • Entendi foi nada