A prática em atendimento domiciliar na área da saúde vem crescendo, nos setores público e privado, com argumentos que vão desde a relação custo-benefício até a busca da humanização do tratamento. O atendimento domiciliar (muitas vezes denominado home care)em Psicologia é uma modalidade de atuação ainda pouco conhecida pela maioria dos psicólogos e que tem trazido algumas questões referentes à sua natureza e aos problemas éticos que podem estar envolvidos.
O pedido ou a indicação para o atendimento psicológico domiciliar pode ser feito pelo próprio paciente, por seus familiares, pelo médico ou pela equipe de saúde que o assiste. A partir disso, o psicólogo deve proceder uma avaliação, identificando as necessidades do atendimento.
Ouvindo psicólogos familiarizados com essa modalidade de atendimento, a Comissão de Orientação do CRP SP pontuou algumas questões éticas que se colocam nessa situação. Por exemplo, ao entrar na casa de um paciente o psicólogo estará em contato com muitas informações e dados que o paciente não escolheu revelar. Isso requer cuidado. O profissional deve abordar apenas o conteúdo que o paciente lhe trouxer ou as situações que tenha presenciado. Também pode ser constrangedor para a família do paciente receber o psicólogo em sua casa. Muitas vezes, a família não sabe como posicionar o psicoterapeuta: como visita, como um amigo ou familiar. Mesmo quando o psicólogo integra uma equipe de atendimento domiciliar, essas considerações são pertinentes.
É compreensível que a família se depare com essas dificuldades, pois estará enfrentando uma situação nova. Cabe portanto ao profissional delinear seu espaço, seus limites e suas possibilidades. O psicólogo que cuida de um paciente em sistema home care deve ter cuidado para não se envolver em questões familiares, domésticas e particulares. Deve se nortear pelo fato de que está ali a serviço da pessoa a ser atendida e não da família, a menos que a questão envolva diretamente o paciente. Alertamos para a necessidade de se levar em conta a abordagem teórica que fundamenta a intervenção psicológica e que pode levar a discussões mais aprofundadas sobre o contrato e os vínculos estabelecidos. A ética em seu entendimento mais amplo é respeitada na medida em que o atendimento domiciliar é avaliado como a única forma de que se dispõe em dado contexto para atenuar o sofrimento da pessoa ou da família.
FONTE: http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/128/frames/fr_orientacao.aspx