SóProvas


ID
3431233
Banca
VUNESP
Órgão
Valiprev - SP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Se a vida é um vale de lágrimas, por que não processar os pais por nos terem trazido ao mundo?

      Se o leitor nunca pensou nessa hipótese, isso pode significar duas coisas. Primeiro, que é uma pessoa sã. Segundo, que nunca leu a saga do indiano Raphael Samuel, 27, que tentou processar os progenitores, segundo o jornal “The Guardian”.

      Sim, Samuel confessa que tem uma excelente relação com eles. Mas há, digamos, um “pecado original” que o rapaz não pode perdoar: ele nasceu sem dar o seu consentimento. Uma indenização, ainda que simbólica, seria uma forma de fazer doutrina: quando queremos ter filhos, é importante ter o consentimento deles.

      Por essa altura, o leitor inteligente que lê as minhas colunas já deve ter feito uma pergunta fundamental: como obter esse consentimento? E, já agora, em que fase?

      A ciência terá aqui uma palavra importante. Mas, conhecendo o narcisismo da espécie e a tendência irresistível de marchar pelas causas mais improváveis, não é de excluir que adolescentes de todas as idades, frustrados com a vida e com a necessidade de escovar os dentes, encontrem em Raphael Samuel um modelo (de negócio).

      Antigamente, os pais poupavam para a universidade dos filhos. Hoje, convém poupar primeiro para a indenização que eles nos vão pedir.

      No limite, ver o filho a pedir uma indenização aos pais por ter nascido faz tanto sentido como pedir uma indenização ao filho por ele não querer estar cá. Quem disse que só o filho pode ter razões de queixa?

      O problema dos cálculos meramente utilitaristas é que eles são dotados de uma espantosa flexibilidade. E da mesma forma que os filhos avaliam os seus danos por terem nascido, os pais podem atuar da mesma forma.

      Investiram tudo no delfim – patrimônio genético, tempo, dinheiro, sanidade e expectativas legítimas de que ele seria um adulto.

      Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.


(João Pereira Coutinho, Alô, filho, você quer mesmo sair?

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br.

Acesso em: 15.11.2019. Adaptado)

É correto concluir que, a partir de um fato divulgado na mídia, o autor traça

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    ? uma caricatura da situação, tratada com humor (=O autor faz uma caricatura comparando a atitude dos filhos com a provável atitude dos pais, dizendo que ambos possuem o mesmo direto).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Assertiva D

    a partir de um fato divulgado na mídia, o autor traça uma caricatura da situação, tratada com humor.

  • Notifiquem as questões duplicadas. Não adianta ter 4000 questões "novas" sendo 2000 repetidas!

    Que vergonha QConcurso.

  • Tem alguma aula explicando essa matéria?
  • Quem ainda estiver em duvida quanto a questão, é só observar o título:

    Alô, filho, você quer mesmo sair?

    Da qual retrata em tom de ironia/humor todo o contexto!

  • Não vi nada de humor no texto.

  • não há humor algum... questão mal feita.

  • FOCO!

    Adoro as questões de interpretação e compreensão....

    Bizu:

    -Treine leitura todo dia. Crie o abto.

    - busque o significado dos termos que não sabe. Dicionarize se possível cada termo deste(que vc nao sabe).

    - o texto é um tecido, caso esse tecido esteja rasgando, fatalmente vc vai errar esse tipo de questão. Falta o saber básico sobre certos termos(palavras).

    Agora vc é capaz de:

    - Desenvolver o que vc lê, não apenas reproduz.

    - após desenvolver o assunto, poderá compreender qualquer pergunta, como essa acima....

    Bons estudos!

    GABARITO: D

  • Não consigo identificar humor no texto... :(

  • Confesso que li e voltei a ler questão, li os comentários dos colegas, mas não consegui identificar o humor nessa questão.

  • que questão é essa, socorro

  • GAB: D

    Humor para o escritor é diferente do nosso. Isso vc consegue só com o tempo (praticando a leitura de variados textos).

  • Eu consegui encontrar humor nas duas últimas linhas, inclusive, quando o autor disse "só um anjo nos pode salvar" kkkk Bons estudos!

  • Há humor na questão sim, mas dai dizer que ele não censura ao chamar de "ingrato" o jovem (E) e que não faz um questionamento ao contrapor aos pais (C) : "Quem disse que só o filho pode ter razões de queixa?"

    Complicado. Me parece possível outras visões.

  • Gente, não encontrei humor nenhum no texto!

  • A construção do texto é engraçada, mas entendo mais como uma crítica do que uma caricatura,

  • Não sei bem explicar, mas depois de ler o texto ficou bem óbvio que seria a alternativa D, ainda mais com o "Alo, filho, vc quer mesmo sair?"

    O uso de aspas em " ' pecado original' " tambem me parece ser ironia

    Depois em: "Adolescentes frustados com a vida e com a necessidade de escovar os dentes" é nitidamente deboche/ humor do autor

    Por fim, ele brinca com a situação falando que os pais tambem podem processar os filhos.

    A única alternativa que poderia gerar duvidas seria a "A", pq é sim uma crítica, mas vista com intolerancia certamente não, já que o próprio autor brincou com a situação o texto todo.

  • O escritor é um português. Acredito que esse fato explica a dificuldade com esse texto.

  • Fundamento. Explico.

    A questão comporta anulação.

    Malgrado os estupendos comentários dos colegas e da professora, penso que o gabarito sugerido (d) seja inadequado para o que foi pedido na questão.

    Após ler e reler o texto algumas vezes e consultar alguns amigos especialistas na área, chegamos à conclusão de que a letra (c) é a menos pior dentre as alternativas apresentadas, dado que o texto carrega um tom questionador, o que decorre da irresponsabilidade do filho que processou os pais por ter nascido.

    Quanto ao suposto "humor" do texto, não vislumbramos também essa característica. "Alo, filho, vc quer mesmo sair?" não é o bastante para caracterizar o efeito de humor do texto porquanto a crítica transborda no texto.

    Eu não canso de dizer: questões como essa devem ser evitadas ao máximo, pois, além de pecar pelo subjetivismo, causa severa confusão entre os concurseiros e os prejudicam.