SóProvas


ID
3431236
Banca
VUNESP
Órgão
Valiprev - SP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Se a vida é um vale de lágrimas, por que não processar os pais por nos terem trazido ao mundo?

      Se o leitor nunca pensou nessa hipótese, isso pode significar duas coisas. Primeiro, que é uma pessoa sã. Segundo, que nunca leu a saga do indiano Raphael Samuel, 27, que tentou processar os progenitores, segundo o jornal “The Guardian”.

      Sim, Samuel confessa que tem uma excelente relação com eles. Mas há, digamos, um “pecado original” que o rapaz não pode perdoar: ele nasceu sem dar o seu consentimento. Uma indenização, ainda que simbólica, seria uma forma de fazer doutrina: quando queremos ter filhos, é importante ter o consentimento deles.

      Por essa altura, o leitor inteligente que lê as minhas colunas já deve ter feito uma pergunta fundamental: como obter esse consentimento? E, já agora, em que fase?

      A ciência terá aqui uma palavra importante. Mas, conhecendo o narcisismo da espécie e a tendência irresistível de marchar pelas causas mais improváveis, não é de excluir que adolescentes de todas as idades, frustrados com a vida e com a necessidade de escovar os dentes, encontrem em Raphael Samuel um modelo (de negócio).

      Antigamente, os pais poupavam para a universidade dos filhos. Hoje, convém poupar primeiro para a indenização que eles nos vão pedir.

      No limite, ver o filho a pedir uma indenização aos pais por ter nascido faz tanto sentido como pedir uma indenização ao filho por ele não querer estar cá. Quem disse que só o filho pode ter razões de queixa?

      O problema dos cálculos meramente utilitaristas é que eles são dotados de uma espantosa flexibilidade. E da mesma forma que os filhos avaliam os seus danos por terem nascido, os pais podem atuar da mesma forma.

      Investiram tudo no delfim – patrimônio genético, tempo, dinheiro, sanidade e expectativas legítimas de que ele seria um adulto.

      Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.


(João Pereira Coutinho, Alô, filho, você quer mesmo sair?

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br.

Acesso em: 15.11.2019. Adaptado)

O trecho que aponta um argumento a favor de processos para o filho indenizar os pais é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    ? Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar (=essa alternativa marca uma ideia favorável à indenização, sendo, dessa forma, a nossa resposta).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Assertiva A

    A

    Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.

  • Se a letra (B) não está certa.Fica difícil. Pois, na expressão " Uma indenização, ainda que simbólica, seria uma forma de fazer doutrina" está apontando um argumento favorável.

    Questão mal elaborada. tem duas respostas.

  • Elis, também havia pensado assim (tanto que errei). Mas basta ver o comando da questão: "favor de processos para o filho indenizar os pais". A questão pede um argumento que corrobore que o filho deve indenizar os pais. E de fato, a letra A é a correta ("se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo pode nos salvar").

  • FOCO!

    "O filho que indeniza os pais"

    Esse é o comando da questão....

    Não os pais que indenizam o filho.....

    Gabarito: A.

  • Aindou estou confuso com a questão...

  • Sinceramente, não me parece que a "E" esteja erra:

    "O problema dos cálculos meramente utilitaristas é que eles são dotados de uma espantosa flexibilidade."

    Ora, por ser um argumento de calculo utilitário ele é flexível, sendo assim, os pais também podem utiliza-lo, assim, seria um argumento favorável aos pais também.

  • Cara, nessa prova a Vunesp deu sarrafada em muito concurseiro. O tanto de gente q a banca colocou pra mamar nessa prova de portugues nao tá escrito

  • Isso aí é só um aperitivo para o que nos aguarda dia 31/10. Deus tenha piedade de nós
  • Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.
  • Realmente, ao meu ver, a questão é um pouco confusa. Mas, se levarmos em consideração que o autor foi irônico, a opção A está correta.

       Investiram tudo no delfim – patrimônio genético, tempo, dinheiro, sanidade e expectativas legítimas de que ele seria um adulto.

       Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.

    Na questão anterior() veremos que o autor redige o texto com tons humorísticos.

    Por favor, corrijam-me se houver erros.