SóProvas


ID
3448552
Banca
FCC
Órgão
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. 


   A obra de arte genial dribla de algum modo o efeito debilitador da passagem do tempo e adquire o poder de dizer coisas novas a sucessivas gerações de apreciadores. As grandes obras da ciência, como os tratados hipocráticos, foram criações que marcaram época, mas que a passagem do tempo reduziu à condição de peça de antiquário. Com a arte é diferente. 

   A obra de arte genial transcende sua época. Mas ela é fruto de uma época. O trabalho do artista inevitavelmente reflete os valores de uma época - ou aquilo que os alemães denominam "zeitgeist", o espírito definidor de um período histórico particular.

  Duzentos e cinquenta anos nos separam do nascimento de Mozart. Os seus 36 anos de intensa atividade musical transcorreram no século XVIII. Sua morte, em 1791, praticamente coincide com o desfecho dramático do século das luzes que foi a Revolução Francesa. 

  De tempos em tempos, surgem artistas que não se contentam em fazer escolhas dentro dos marcos definidos pelos adeptos de uma tradição estética − colegas, críticos e o público −, mas almejam ir além e escolher por si mesmos as regras do fazer criativo. 

   Em sua formação musical Mozart assimilou desde cedo, sob a rigorosa tutela do pai, a tradição clássica austríaca que tinha em Joseph Haydn a sua mais consumada expressão. Na juventude, Mozart se empenhou com extraordinário afinco ao desafio de dominar essa tradição. 

  Seu reconhecimento definitivo veio do próprio Haydn que, em comentário feito ao pai de Mozart, afirmou: "seu filho é o maior compositor de que tenho conhecimento". Seria difícil pedir mais. 

  Mozart não foi um revolucionário, como Beethoven. Ele jamais se propôs a subverter os marcos da tradição na qual se fez músico. O que é assombroso constatar é que Mozart conquistou a expansão de um potencial criativo sem que precisasse abdicar de uma estrita adesão ao rigor formal clássico. 

  Não seria descabido especular que o peso esmagador do seu gênio tenha contribuído para impelir Beethoven a embarcar na aventura radical da ruptura romântica. Pois se é verdade, como dizia Marx, que "a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos", o que dizer de uma tradição na qual floresce um Mozart? 

  Como entender a gênese de um gênio da estatura de Mozart? A imagem da criança prodígio, que aos oito anos arrebatou ao piano as cortes de Londres e Versailles, pode sugerir pistas enganosas - a ideia de dons sobrenaturais ou talentos geneticamente determinados. 

  Como pondera o biólogo Edward Wilson, "não existe um gene para tocar bem piano. O que há é uma ampla conjunção de genes cujos efeitos favorecem destreza manual, criatividade, expressão emotiva, foco, espectro de atenção e controle de tom, ritmo e timbre. Essa conjunção também torna a criança bem-dotada propensa a tirar proveito da oportunidade certa na hora certa". Mozart foi um prodígio que se fez gênio. O seu caminho de criança prodígio a gênio maduro revela o acerto do verso de Hesíodo: "Ante os portais da excelência, os altos deuses puseram o suor". 

  O surgimento de um Mozart, em suma, pode ser entendido como o efeito da convergência, estatisticamente improvável, de um grande número de circunstâncias felizes: excepcional dotação genética; a fortuna de uma educação exigente numa esplêndida tradição musical; a convivência com modelos inspiradores; um clima cultural propício e uma energia pessoal vulcânica ligada a um não menos generoso impulso criador. Acidentes felizes acontecem. 

  Mozart certamente não tem a profundidade emotiva de Beethoven. Nem por isso, contudo, é menor que ele. Na obra de Mozart sentimos pulsar a crença na possibilidade de existência de uma ordem cósmica que nos transcende. Alguma coisa além da nossa capacidade de compreensão, mas que nos é facultado entrever ou intuir no contato com a música. Que o ânimo luminoso dessa arte esteja conosco na difícil jornada que o século 21 prenuncia. 


(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. O elogio do vira-lata. São Paulo: Cia. das Letras, 2018, edição digital.) 

... mas que a passagem do tempo reduziu à condição de peças de antiquário. (1°parágrafo)


A crase da frase acima deve ser mantida, sem que nenhuma outra modificação seja feita, substituindo-se o segmento sublinhado por 

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? ... mas que a passagem do tempo reduziu à condição de peças de antiquário. (1°parágrafo)

    ? Reduziu a algo (preposição "a") + artigo definido "a" que acompanha o substantivo feminino no singular "situação" (=à situação de documento ultrapassado).

    Baixe a Planilha de Gestão Completa nos Estudos Grátis: http://3f1c129.contato.site/plangestaoestudost3 

    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!? 

  • aqui bastava saber de dois pontos para chegar ao gabarito:

    I) Não utilizamos crase diante de artigos indefinidos.

    não  ocorre antes de artigo indefinido (uma, umas)

    O presidente de Uganda, Yoweri Kaguta Museveni, o governo Bush e alguns especialistas em saúde pública creditaram o declínio em grande parte à uma política conhecida como ABC (inadequado)

    II) Não ocorre crase quando "a" e o nome posterior for plural.

    A crise causou medo à empresários. (Inadequado)

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • gabarito letra B

    ➡1° ponto: o verbo reduzir no sentido de tornar menor é bitransitivo (VTDI)  EX: reduziu sua carreira (Objeto direto) ao anonimato (objeto indireto)

    ➡ temos subentendia as palavras  As grandes obras da ciência ( ... mas que a passagem do tempo reduziu As grandes obras da ciência à condição de peça de antiquário.

    passando para a voz passiva analítica fica mais fácil de observar: as grandes obras obras da ciência foram reduzidas à condição de peça de antiquário pela passagem do tempo

    A) uma mera antiguidade sem relevância. ➡ errado, não se usa crase antes de artigos indefinido, muito menos com sentido vago/ genérico

    B ) situação de documento ultrapassado.(GABARITO)

    C) obras que interessam aos museus. ➡ errado, "a" no singular + palavra no plural = crase nem a p@#

    D ) dogmas ultrapassados. ➡ errado, não se usa crase diante de substantivos masculinos, exceto na regra do à moda de

    E ) axiomas que despertam a curiosidade. ➡ errado, não se usa crase diante de substantivos masculinos, exceto na regra do à moda de

    bons estudos!

  • à uma (numeral)

    à situação (feminino e singular, CERTA)

    à obras (feminino, mas no plural)

    à dogmas (os dogmas, masculino e plural)

    à axiomas (os axiomas, masculino e plural)

  • Gab: B

    "... mas que a passagem do tempo reduziu à..."

    > O "à" permanecerá no singular!

    A) ERRADA: uma mera antiguidade sem relevância >> O "um" é numero e a crase não deve ser empregada junto a numerais cardinais ou ordinais. Se o "um" estivesse exercendo unção de pronome indefinido também não caberia crase;

    B) CORRETA: situação de documento ultrapassado.

    C) ERRADA: obras que interessam aos museus >> Crase no singular diante de palavras no plural, não cabe!

    D) ERRADA: dogmas ultrapassados. >> Crase no singular diante de palavras no plural, não cabe!

    E) ERRADA: axiomas que despertam a curiosidade. >> Crase no singular diante de palavras no plural, não cabe!

    >> A crase é produto da contração da preposição "a" regida pelo verbo + artigo definido "a" >> logo, não cabe artigo definido no singular diante de substantivo no plural, né? Se a palavra está no plural, o artigo definido também deverá estar.

  • GABARITO: LETRA B

    COMPLEMENTANDO:

    Principais casos em que não ocorre a crase:

    * Antes de palavra masculina

    * Em locução feminina que indique instrumento (ex: Ela escreveu o texto a caneta)

    * Antes de verbo

    * Entre palavras repetidas que formem uma expressão (ex: cara a cara)

    * Antes de artigo indefinido

    * Quando o A estiver no singular e a palavra posterior estiver no plural

    * Antes dos seguintes pronomes: 

       a) De tratamento (exceções: senhora, senhorita, dona e madame)

       b) Relativos (exceção: à qual, às quais)

       c) Indefinidos (exceção: outra(as))

       d) Demonstrativos (exceções: àquele, àquela, àquilo)

       e) Pessoais

    FONTE: QC

  • Macete para adequar o uso da crase.

    Funciona em quase todas as regras.

    Coloque a palavra que vem junto com a "possível crase" na frente de "É LEGAL".

    TIPO ASSIM: "A situação" é legal. Se fizer sentido vai crase!

    Sempre com o "A" na frente.

    Por exemplo em "a obras" é legal. Não faz sentido. Teria que ser "obras é legal" sem o "A" então não vai crase.

    Gente é um jeito tosco mas que funciona pra mim.

  • GABARITO B

    Principais casos PROIBIDOS de crase cobrados em concurso:

    antes de palavras masculinas

    antes de palavras no plural

    antes de pronome indefinido

    antes de palavras repetidas

    bons estudos

  • FRASE PRA LEMBRAR DESSA REGRA:

    " 'A' NO SINGULAR, PALAVRA NO PLURAL, CRASE NEM A PA*"