SóProvas


ID
3454636
Banca
GUALIMP
Órgão
Prefeitura de Quissamã - RJ
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto a seguir para responder a questão.


A vida sem celular

        O inevitável aconteceu: perdi meu celular. Estava no bolso da calça. Voltei do Rio de Janeiro, peguei um táxi no aeroporto. Deve ter caído no banco e não percebi. Tentei ligar para o meu próprio número. Deu caixa postal. Provavelmente eu o desliguei no embarque e esqueci de ativá-lo novamente. Meu quarto parece uma trincheira de guerra de tanto procurá-lo. Agora me rendo: sou um homem sem celular.

        O primeiro sentimento é de pânico. Como vou falar com meus amigos? Como vão me encontrar? Estou desconectado do mundo. Nunca botei minha agenda em um programa de computador, para simplesmente recarregá-la em um novo aparelho. Será árduo garimpar os números da família, amigos, contatos profissionais. E se alguém me ligar com um assunto importante? A insegurança é total. Reflito. Podem me achar pelo telefone fixo. Meus amigos me encontrarão, pois são meus amigos. Eu os buscarei, é óbvio. Então por que tanto terror?

        Há alguns anos - nem tantos assim - ninguém tinha celular. A implantação demorou por aqui, em relação a outros países. E a vida seguia. Se alguém precisasse falar comigo, deixava recado. Depois eu chamava de volta. Se estivesse aguardando um trabalho, por exemplo, eu ficava esperto. Ligava perguntando se havia novidades. Muitas coisas demoravam para acontecer. Mas as pessoas contavam com essa demora. Não era realmente ruim.

        Saía tranquilo, sem o risco de que me encontrassem a qualquer momento, por qualquer bobagem. A maior parte das pessoas vê urgência onde absolutamente não há. Ligam afobadas para fazer uma pergunta qualquer. Se não chamo de volta, até se ofendem.

        — Eu estava no cinema, depois fui jantar, bater papo.

        — É... Mas podia ter ligado!

        Como dizer que podia, mas não queria?

        Vejo motoristas de táxi tentando se desvencilhar de um telefonema.

        — Agora não posso falar, estou dirigindo.

        — Só mais uma coisinha...

        Fico apavorado no banco enquanto ele faz curvas e curvas, uma única mão no volante. Muita gente não consegue desligar mesmo quando se explica ser impossível falar. Dá um nervoso!

        A maioria dos chefes sente-se no direito de ligar para o subordinado a qualquer hora. Noites, fins de semana, tudo submergiu numa contínua atividade profissional. No relacionamento pessoal ocorre o mesmo.

        — Onde você está? Estou ouvindo uma farra aí atrás.

        — Vendo televisão! É um comercial de cerveja!

Um amigo se recusa a ter celular.

         — Fico mais livre.

        Às vezes um colega de trabalho reclama:

         — Precisava falar com você, mas não te achei.

         — Não era para achar mesmo.

         Há quem desfrute o melhor. Conheço uma representante de vendas que trabalha na praia durante o verão. Enquanto torra ao sol, compra, vende, negocia. Mas, às vezes, quando está para fechar o negócio mais importante do mês, o aparelho fica fora de área. Ela quase enlouquece!

         Pois é. O celular costuma ficar fora de área nos momentos mais terríveis. Parece de propósito! Como em um recente acidente automobilístico que me aconteceu. Eu estava bem, mas precisava falar com a seguradora. O carro em uma rua movimentada. E o celular mudo! Quase pirei! E quando descarrega no melhor de um papo, ou, pior, no meio da briga, dando a impressão de que desliguei na cara?

          Na minha infância, não tinha nem telefone em casa. Agora não suporto a ideia de passar um dia desconectado. É incrível como o mundo moderno cria necessidades. Viver conectado virou vício. Talvez o dia a dia fosse mais calmo sem celular. Mas vou correndo comprar um novo!

                              CARRASCO, Walcyr. A vida sem celular. Veja São Paulo. Adaptado

A tipologia textual predominante na crônica lida é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    ? A crônica é um texto narrativo, narra fatos do dia a dia, acontecimentos cotidianos e atuais, de uma maneira diferente, ora com intenção crítica, ora com intenção poética, ou de ambas as maneiras.

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  • Assertiva A

     predominante na crônica lida é: Narração.

  • GABARITO: A

    > Narração: é uma modalidade textual que possui o objetivo de contar um fato, seja ele fictício ou não, que aconteceu em um determinado tempo e lugar, e que envolve personagens. Normalmente, segue uma cronologia em relação à passagem de tempo. Os gêneros textuais mais comuns são: conto, fábula, crônica, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc.

    > Descrição: é uma modalidade textual que consiste em fazer um detalhamento, como se fosse um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa ou um animal. Os gêneros textuais mais comuns são: cardápio, anúncio, folheto turístico, etc.

    > Dissertação: é falar sobre algo, explicar um assunto, discorrer sobre um fato. Ela se divide em dissertação expositiva e dissertação argumentativa. O objetivo principal da primeira é informar e esclarecer o leitor sobre algo. A segunda, por sua vez, defende ideias ou um ponto de vista do autor, buscando convencer o leitor.

    > Injunção: esse tipo de texto orienta em como realizar uma ação.

    Não pare até que tenha terminado aquilo que começou. - Baltasar Gracián.

    -Tu não pode desistir.

  • GABARITO: A

    ➔ A Crônica aborda acontecimentos do dia a dia de uma forma diferenciada. Apesar de ter em comum o tom crítico com a intenção de causar uma reflexão no leitor sobre o assunto abordado, a crônica pode ser classificada em: descritiva, narrativa, dissertativa, narrativo-descritiva, humorística, lírica, jornalística e histórica.

    NARRATIVA - Esse tipo de crônica tem como pano de fundo a narração de uma história, que pode ser feita na 1ª ou 3ª pessoa do singular, e por isso acaba sendo confundida com o conto (texto fictício que cria fantasias e acontecimentos). Humor, ação e crítica são as principais características.

    FONTE: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/cronica

  • A questão pede para indicar qual tipologia textual está presente na crônica.

    Tipo textual é a forma como um texto vai se apresentar, sendo as mais conhecidasdescritiva, narrativa, dissertativa (expositiva, argumentativa), injuntiva, preditiva e dialogal.

    Perceba que o autor está narrando um acontecimento que lhe aconteceu - a perda do celular e o desenrolar da história - em sequência cronológica dos fatos, com personagens, lugar, tempo decorrido e conflito.

    Ex.: 

    "O inevitável aconteceu: perdi meu celular. Estava no bolso da calça. Voltei do Rio de Janeiro, peguei um táxi no aeroporto. Deve ter caído no banco e não percebi. Tentei ligar para o meu próprio número. Deu caixa postal. Provavelmente eu o desliguei no embarque e esqueci de ativá-lo novamente. Meu quarto parece uma trincheira de guerra de tanto procurá-lo. Agora me rendo: sou um homem sem celular..."

    Narração.

    CORRETA

    texto narrativo propõe contar uma história com ação, enredo, personagens, ambiente e tempo decorrido, podendo ser real ou imaginário. 

    As narrativas são expressas através de novelas, contos, crônicas, romances e etc. Mas há a necessidade de estarem encadeadas no espaço e tempo, desenvolvendo ações com personagens e enredos.

    "— Eu estava no cinema, depois fui jantar, bater papo. 

    — É... Mas podia ter ligado! 

    Como dizer que podia, mas não queria? 

    Vejo motoristas de táxi tentando se desvencilhar de um telefonema. 

    — Agora não posso falar, estou dirigindo. 

    — Só mais uma coisinha... "

    Descrição.

    ERRADA

    tipologia descritiva é um tipo de texto que possui a característica de descrever algo com riqueza de detalhes, destacando suas qualidades com a maior realidade possível, sem muito digressão.

    Ex.:

    Foco naquilo a ser descrito;

    Presença de adjetivos qualificando algo;

    Classificados de jornais;

    Diários;

    Relatos de viagem;

    Folhetos em geral;

    Currículos;

    Dissertação.

    ERRADA

    dissertação possui a função de informar o leitor sobre algum assunto, apresentando pontos positivos e negativos sobre o tema para que o leitor tome conhecimento dos dois lados, tendo capacidade de tirar conclusões a respeito. Repare que na dissertação não há uma opinião do autor, apenas elementos favoráveis e desfavoráveis sobre o assunto a fim de que o leitor possa refletir e formar opinião. 

    Note que texto dissertativo e texto dissertativo-argumentativo diferem entre si, pois este já possui uma defesa de tese ou ponto de vista por parte do autor.

    Injunção.

    ERRADA

    Texto injuntivo é aquele que possui a capacidade de instruir a ação do leitor. Não só informar, mas condicionar suas ações de determinada forma. São exemplos receitas de alimentos, farmacêuticas e manual de instruções.

    - Retire o produto da embalagem

    - Verifique se a embalagem não foi adulterada

    - Instale o cartucho na impressora

    - Ligue a impressora...