SóProvas


ID
3459691
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Juatuba - MG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto

Os pobres homens ricos


      Um amigo meu estava ofendido porque um jornal o chamou de boa‐vida. Vejam que país, que tempo, que situação! A vida deveria ser boa para toda gente, o que é insultuoso é que o seja apenas para alguns.

      “Dinheiro é a coisa mais importante do mundo.” Quem escreveu isso não foi nenhum de nossos estimados agiotas. Foi um homem que a vida inteira viveu de seu trabalho, e se chamava Bernard Shaw. Não era um cínico, mas um homem de vigorosa fé social, que passou a vida lutando, a seu modo, para tornar melhor a sociedade em que vivia – e em certa medida o conseguiu. Ele nos fala de alguns homens ricos:

      “Homens ricos e aristocratas com um desenvolvido senso de vida – homens como Ruskin, Willian Morris, Kropotkin – têm enormes apetites sociais… não se contentam com belas casas, querem belas cidades… não se contentam com esposas cheias de diamantes e filhas em flor; queixam‐se porque a operária está malvestida, a lavadeira cheira a gim, a costureira é anêmica, e porque todo homem que encontra não é um amigo e toda mulher não é um romance… sofrem com a arquitetura do vizinho…”

      Esse “apetite social” é raríssimo entre os nossos homens ricos; a não ser que “social” seja tomado no sentido de “mundano”. E nossos homens de governo têm uma pasmosa desambição de governar.

      Vi, há tempo, um conhecido meu, que se tornou muito rico, sofreu horrorosamente na hora de comprar um quadro. Achava o quadro uma beleza, mas como o pintor pedia tantos contos ele se perguntava, e me perguntava, e perguntava a todo mundo se o quadro “valia” mesmo aquilo, se o artista não estaria pedindo aquele preço por sabê‐lo rico, se não seria “mais negócio” comprar um quadro de fulano. Fiquei com pena dele, embora saiba que numa noite de jantar e boate ele gaste tranquilamente aquela importância, sem que isso lhe dê nenhum prazer especial. Fiquei com pena porque realmente ele gostava do quadro, queria tê‐lo, mas o prazer que poderia ter obtendo uma coisa ambicionada era estragado pela preocupação do negócio. Se não fosse pelo pintor, que precisava de dinheiro, eu o aconselharia a não comprar.

      Homens públicos sem sentimento público, homens ricos que são, no fundo, pobres‐diabos – que não descobriram que a grande vantagem real de ter dinheiro é não ter que pensar a todo momento, em dinheiro…

(BRAGA, Rubem. 200 Crônicas escolhidas. 31ª Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010.)

Vi, há tempo, um conhecido meu, que se tornou muito rico, sofreu horrorosamente na hora de comprar um quadro.” (5º§) Essa frase contém um exemplo de figura de linguagem denominada

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? ?Vi, há tempo, um conhecido meu, que se tornou muito rico, sofreu horrorosamente na hora de comprar um quadro.?

    ? Temos presente a figura de linguagem denominada "hipérbole" (figura do exagero); observa-se o quão exagerado está representado o ato do mero sofrimento de comprar um quadro.

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • catacrese é utilizada para se referir a algo que não tem um nome no idioma. Para isso, usa-se um termo já existente, mas em outro contexto, tomando seu sentido original emprestado para fazer a analogia.  ex: sentei no braço da cadeira.
  • Vamos lá...

    A- catacrese.

    Figura de linguagem caracterizada pelo uso impróprio de uma palavra em substituição de outra. Não cabe considerar o termo "horrorosamente" como catacrese pois, apreende-se pelo texto que o uso foi proposicional. Ex de catacrese: céu da boca.

    B- hipérbole.

    Figura de pensamento caracterizada pelo exagero, conforme constatamos no trecho em questão. Gabarito.

    C- pleonasmo.

    Figura de sintaxe caracterizada pela repetição de palavras no texto.

    D- metonímia.

    Figura de linguagem caracterizada pela substituição da parte pelo todo.