SóProvas


ID
3483181
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
ITEP - RN
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Nossa bactéria interior

Hélio Schwartsman


      Se a consciência já parece bastante misteriosa quando tentamos circunscrevêla a um cérebro humano, ela fica ainda mais impenetrável quando se considera que a própria noção de corpo humano pode ser inadequada.

      Com efeito, já há alguns anos vem ganhando espaço na biologia e na medicina a ideia de que precisamos pensar o corpo humano não como uma entidade à parte, mas no conjunto de suas relações com o meio ambiente, em especial em relação a sua interação com espécies microscópicas com as quais vivemos em promiscuidade há dezenas de milhares de anos. Aqui, nós perdemos um pouco de nós para nos tornarmos um superorganismo, no qual outros seres vivos, notadamente aqueles que habitam nosso corpo, ganham importância.

      Inicialmente, esses modelos foram utilizados para explicar com certo sucesso a obesidade (as floras intestinais de gordos e magros têm composições diferentes), doenças do intestino e moléstias cardíacas. Mas os pesquisadores foram ficando ambiciosos e agora falam no eixo cérebro-intestino, que parece desempenhar um papel em várias doenças mentais, incluindo transtornos de ansiedade, do afeto, autismo e até mesmo surtos psicóticos e Alzheimer. Não é que bactérias causem essas moléstias, mas modulam a manifestação e a severidade dos sintomas.

      Particularmente interessante nesses modelos é que a flora intestinal é, em princípio, algo fácil de alterar com o uso de antibióticos, pro e prebióticos e de transplantes fecais. Já há quem fale em psicobióticos. É preciso dar um desconto ao entusiasmo dos pesquisadores, mas não há dúvidas de que é um campo promissor.

      Vale destacar quanto de complexidade esse modelo acrescenta a nós mesmos. Deixamos de ser um corpo composto por 10 trilhões de células comandadas por 23 mil genes para nos tornarmos um bioma ao qual se somam 100 trilhões de bactérias e 3 milhões de genes não humanos.

Adaptado de: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwarts-man/2017/12/ 1940148-nossa-bacteria-interior.shtml> . Acesso em: 11 dez. 2017.

Considerando o texto “Nossa bactéria interior”, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: C

    ➥ Segundo o texto: Particularmente interessante nesses modelos é que a flora intestinal é, em princípio, algo fácil de alterar com o uso de antibióticos, pro e prebióticos e de transplantes fecais. Já há quem fale em psicobióticos. É preciso dar um desconto ao entusiasmo dos pesquisadores, mas não há dúvidas de que é um campo promissor.

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Que modelos?

  • Gabarito no mínimo questionável.

  • ... antibióticos, pro e prebióticos e de transplantes fecais = psicobióticos ???

    Caso sim, resposta certa letra ( C ) .

    Caso não, gabarito questionável.

  •  Vale destacar quanto de complexidade esse modelo acrescenta a nós mesmos.  = "O modelo de tratamento baseado na relação cérebro-intestino é complexo "

    demonstra como as bactérias podem causar doenças psíquicas. = "agora falam no eixo cérebro-intestino, que parece desempenhar um papel em várias doenças mentais,"

    Mas em fim...vamos nos adaptar a Banca...

  • A dúvida persiste na letra C e D. Vejamos:

    Apesar de acreditar nos pesquisadores, o autor considera que eles têm expectativas demasiadamente altas em relação ao uso de psicobióticos.

    [...] É preciso dar um desconto ao entusiasmo dos pesquisadores, mas não há dúvidas de que é um campo promissor.

    O modelo de tratamento baseado na relação cérebro-intestino é complexo e demonstra como as bactérias podem causar doenças psíquicas.

    Não há nada no texto que infira que o modelo de tratamento é complexo. Aqui há uma extrapolação.

    Para mais dicas, entre no nosso grupo de estudo no telegram: t.me/dicasdaritmo

  • Dificil essa. PErdi um tempo legal aqui. Fiquei entre A e C.

  • Fazendo minha análise consegui acertar a questão.

    Gab. C

    Em Cristo somos mais que vencedores!

    PCPA - IP.

  • Para quem estava na dúvida da alternativa D, as bactérias modulam as moléstias citadas (o autor não crava que a causa delas é oriunda de outro fator).

    "Não é que bactérias causem essas moléstias, mas modulam a manifestação e a severidade dos sintomas." (final do terceiro parágrafo)

  • O erro da alternativa A é sútil, mas se você ler o texto novamente vai perceber que a banca inverteu a lógica do pensamento. Não é a noção de corpo humano que pode ser inadequada porque a consciência é impenetrável e sim o contrário.

  • Considerando o texto “Nossa bactéria interior”, assinale a alternativa correta.

    A) Para o autor, a noção de corpo humano pode ser inadequada porque a consciência é impenetrável.

    O autor ressalta que o corpo humano é mais do que vemos, não porque a consciência é impenetrável.

    B) Em “Inicialmente, esses modelos foram utilizados para explicar com certo sucesso a obesidade [...]” (terceiro parágrafo), o termo em destaque faz uma referência anafórica a “outros seres vivos”.

    O modelo ressaltado seria o modelo de seres humanos o qual vivem uma porção de micro organismo; e não o modelo de outros seres vivos.

    C) Apesar de acreditar nos pesquisadores, o autor considera que eles têm expectativas demasiadamente altas em relação ao uso de psicobióticos.

    Isto, destacado no trecho abaixo:

    Já há quem fale em psicobióticos. É preciso dar um desconto ao entusiasmo dos pesquisadores, mas não há dúvidas de que é um campo promissor.”

    D) O modelo de tratamento baseado na relação cérebro-intestino é complexo e demonstra como as bactérias podem causar doenças psíquicas.

    Não diz que elas podem causar é sim que só modulam a manifestação, auxiliam, ajudam na severidade dos sintomas.

    “Não é que bactérias causem essas moléstias, mas modulam a manifestação e a severidade dos sintomas.”

    E) O autor acredita que mente e corpo são elementos apartados, sendo que ambos estão isolados do meio ambiente.

    Não são separados e não estão isolados do meio ambiente, na verdade, os estudos mostram que há uma ligação.

    “(...) já há alguns anos vem ganhando espaço na biologia e na medicina a ideia de que precisamos pensar o corpo humano não como uma entidade à parte, mas no conjunto de suas relações com o meio ambiente, (...)”