- ID
- 3484036
- Banca
- VUNESP
- Órgão
- Câmara de São Joaquim da Barra - SP
- Ano
- 2018
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Leia o texto, para responder à questão .
Uma história literária do fanatismo
A palavra “fanático” nem sempre foi um insulto ou uma
acusação: até onde se sabe, pode ter começado como uma
espécie de elogio. O termo latino fanaticus vem de fanus –
um altar ou um santuário. Designava o benfeitor de um templo, ou um indivíduo diretamente inspirado pelos deuses; um
mecenas das artes sacras ou um artista invulgarmente talentoso poderiam ser, a sua maneira, fanáticos.
Cícero, no século I a.C., talvez tenha sido o primeiro a
usar a palavra de forma pejorativa – numa de suas orações,
o termo vira sinônimo de supersticioso.
Centenas de anos depois, Voltaire chegou a uma definição mais próxima daquela que usamos hoje. “O fanatismo
é uma doença da mente, que se transmite da mesma forma que a varíola”, escreve no Dicionário Filosófico, de 1764.
“Não se transmite tanto por livros quanto por discursos e reuniões. Raramente nos sentimos exaltados quando estamos
lendo sozinhos, com a mente tranquila e sedada.”
Não sei até que ponto concordo com a indulgência plenária que Voltaire concede aos livros: poderíamos encher
uma razoável biblioteca com obras que inspiraram paixões
sangrentas. Mas o iluminista francês parece aproximar-se de
uma verdade atemporal ao apontar a natureza gregária e
contagiosa do fanatismo. Como uma força da natureza, essa
praga mental se propaga pela ânsia exacerbada de unanimidade e pelo horror ao pensamento independente. Um contágio mais propenso a afetar manadas do que eremitas.
(José Francisco Botelho. Veja, 25.04.2018. Adaptado)
É correto deduzir do texto que,