- ID
- 3492370
- Banca
- Instituto Consulplan
- Órgão
- Prefeitura de Suzano - SP
- Ano
- 2019
- Provas
-
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Analista de Sistemas
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Arquiteto
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Bibliotecário
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Contador
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Engenheiro Agrônomo
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Engenheiro Ambiental
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Engenheiro de Segurança do Trabalho
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Engenheiro de Tráfego
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Engenheiro Florestal
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Fisioterapeuta
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Gestor Ambiental
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Jornalista
- Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Médico Pediatra Planton
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Mort. Ed Mort. Detetive particular. Está na plaqueta. Durante meses ninguém entrara no meu escri – escritório é uma palavra grande demais para descrevê-lo – a não ser cobradores, que eram expulsos sob ameaças de morte ou coisa pior. De repente, começou o movimento. Entrava gente o dia inteiro. Gente diferente. Até as baratas estranharam e fizeram bocas. Não levei muito tempo para saber o que tinha havido. Alguém trocou minha plaqueta com a da escola de cabeleireiros, ao lado. A escola de cabeleireiros passou o dia vazia. Voltaire, o ratão albino, que subloca um canto da minha sala, emigrou para lá. Quando recoloquei a plaqueta no lugar, Voltaire voltou. Ele gosta de sossego. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta certa.
Eu estava pensando no meu jantar da noite passada – isto é, em nada – quando ela entrou. Nem abri os olhos. Disse: “A escola de cabeleireiros é ao lado”. Mas quando ela falou, abri os olhos depressa. Se sua voz pudesse ser engarrafada seria vendida como afrodisíaco. Ela não queria a escola de cabeleireiros.
– Preciso encontrar meu marido.
– Claro – disse eu. – Vá falando que eu tomo nota.
Meu bloco de notas fora levado pelas baratas. Uma ação de efeito psicológico. O bloco não lhes serviria para nada. Só queriam me desmoralizar. Peguei o cartão que um dos pretendentes a cabeleireiro deixara em cima da minha mesa, com um olhar insinuante, no dia anterior. Tenho um certo charme rude, não nego. Sou violento. Sorrio para o lado. Uso costeletas. No cartão estava escrito Joli Decorações e um nome, Dorilei. Virei do outro lado. Comecei a escrever enquanto ela falava. A Bic era alugada.
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. As cem melhores crônicas brasileiras /
Joaquim Ferreira dos Santos, organização e introdução. – Rio de
Janeiro: Objetiva, 2007. Fragmento.)