SóProvas


ID
3495799
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Vila Velha - ES
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Por que a educação moderna criou adultos

que se comportam como bebês 


      Os alunos do 3º ano de uma das melhores escolas de ensino médio dos Estados Unidos, a Wellesley High School, em Massachusetts, estavam reunidos, numa tarde ensolarada no mês passado, para o momento mais especial de sua vida escolar, a formatura. Com seus chapéus e becas coloridos e pais orgulhosos na plateia, todos se preparavam para ouvir o discurso do professor de inglês David McCullough Jr. Esperavam, como sempre nessas ocasiões, uma ode a seus feitos acadêmicos, esportivos e sociais. O que ouviram do professor, porém, pode ser resumido em quatro palavras: vocês não são especiais. (...) “Ao contrário do que seus troféus de futebol e seus boletins sugerem, vocês não são especiais”, disse McCullough logo no começo. “Adultos ocupados mimam vocês, os beijam, os confortam, os ensinam, os treinam, os ouvem, os aconselham, os encorajam, os consolam e os encorajam de novo. (...) Mas não tenham a ideia errada de que vocês são especiais. Porque vocês não são.”

      O que aconteceu nos dias seguintes deixou McCullough atônito. Ao chegar para trabalhar na segunda-feira, notou que havia o dobro da quantidade de e-mails que costumava receber em sua caixa postal. Paravam na rua para cumprimentálo. Seu telefone não parava de tocar. Dezenas de repórteres de jornais, revistas, TV e rádio queriam entrevistá-lo. Todos queriam saber mais sobre o professor que teve a coragem de esclarecer que seus alunos não eram o centro do universo. Sem querer, ele tocara num tema que a sociedade estava louca para discutir – mas não tinha coragem. Menos de uma semana depois, McCullough fez a primeira aparição na TV. Teve de explicar que não menosprezava seus jovens alunos, mas julgava necessário alertá-los. “Em 26 anos ensinando adolescentes, pude ver como eles crescem cercados por adultos que os tratam como preciosidades”, disse ele a ÉPOCA. “Mas, para se dar bem daqui para a frente, eles precisam saber que agora estão todos na mesma linha, que nenhum é mais importante que o outro.”

      A reação ao discurso do professor McCullough pode parecer apenas mais um desses fenômenos de histeria americanos. Mas a verdade é que ele tocou numa questão que incomoda pais, educadores e empresas no mundo inteiro – a existência de adolescentes e jovens adultos que têm uma percepção totalmente irrealista de si mesmos e de seus talentos. Esses jovens cresceram ouvindo de seus pais e professores que tudo o que faziam era especial e desenvolveram uma autoestima tão exagerada que não conseguem lidar com as frustrações do mundo real. (...)

      Em português, inglês ou chinês, esses filhos incensados desde o berço formam a turma do “eu me acho”. Porque se acham mesmo. Eles se acham os melhores alunos (se tiram uma nota ruim, é o professor que não os entende). Eles se acham os mais competentes no trabalho (se recebem críticas, é porque o chefe tem inveja do frescor de seu talento). (...)

      Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em sua turma de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, foi bem-educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras línguas e, claro, é ligada em tecnologia e competente em seu uso. São bons, é fato. Mas se acham mais do que ótimos.

Camila Guimarães e Luiza Karam in Revista Época 13/07/2012

Assinale a única opção correta com relação às ideias veiculadas no texto.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    Segundo o texto: O que aconteceu nos dias seguintes deixou McCullough atônito. Ao chegar para trabalhar na segunda-feira, notou que havia o dobro da quantidade de e-mails que costumava receber em sua caixa postal. Paravam na rua para cumprimentálo. Seu telefone não parava de tocar. Dezenas de repórteres de jornais, revistas, TV e rádio queriam entrevistá-lo.

    As pessoas estavam o elogiando e não criticando, logo, o seu discurso foi ao encontro (na linha do mesmo pensamento, favorável) do pensamento de um grande número de pessoas. "De encontro" (contra, pensamento contrário).

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • A questão exige conhecimento textual e para isso é necessário fazer uma leitura clínica do texto em exposição.

     a) Incorreta.

    O professor não denegriu a imagem de ninguém.

     b) Incorreta.

    O texto sequer diz que os pais ou quem enviou o e-mail.

    c) Correta.

    A alternativa está correta, vejam o que diz no trecho: Esperavam, como sempre nessas ocasiões, uma ode a seus feitos acadêmicos, esportivos e sociais", contudo não foi isso que aconteceu. Vejam: “Ao contrário do que seus troféus de futebol e seus boletins sugerem, vocês não são especiais”. Portanto, esse trecho justifica o que diz a alternativa.

    d) Incorreta.

    O professor não deu entrevista para revista nenhuma. O que fez foi "McCullough fez a primeira aparição na TV". Por isso, a alternativa está errada.

    e) Incorreta.

    O que está escrito no penúltimo parágrafo é que tanto os que dominam o nosso idioma quanto os que dominam "inglês ou chinês". Logo, a alternativa está errada.

    GABARITO: C

  • Vou deixar minha contribuição.

    Segundo interpretei, segue o porquê de o gabarito não ser a alternativa "D".

    "O professor deu entrevista à revista Época, ratificando o discurso que fizera na tarde da formatura."

    É possível inferir no texto que o professor, ao dar a entrevista perante a TV, teve que explicar seu discurso. Vejamos:

    "Menos de uma semana depois, McCullough fez a primeira aparição na TV. Teve de explicar que não menosprezava seus jovens alunos, mas julgava necessário alertá-los."

    Nota-se que houve, de certa forma, uma retificação em seu discurso que, ao menos parece, não foi bem compreendido por certa parcela dos ouvintes. Daí porque não houve total ratificação, mas sim determinada retificação/emenda.

    Qualquer erro, só avisar.

    Abraço e força!!!