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ID
3515047
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de São Miguel do Guamá - PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Por mais qualidade na política.

   Os brasileiros levaram um choque de vergonha alheia assistindo à sessão plenária da Câmara Federal que aprovou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na semana passada. Cada um dos 511 parlamentares que votaram tinha 30 segundos para justificar o seu voto, mas a maioria ultrapassou o tempo regimental para homenagear familiares e conterrâneos, para fazer média com suas bases eleitorais ou para usar o nome de Deus em vão. O festival de frivolidades provocou nos eleitores mais lúcidos um misto de constrangimento e consciência de que é preciso encontrar um caminho para a qualificação da representação política em nosso país.
   Como? Reforma do sistema eleitoral é sempre a primeira sugestão dos estudiosos do tema, mas os projetos nesse sentido costumam esbarrar na resistência dos legisladores em mexer nos próprios privilégios. Todos sabem que temos excesso de partidos políticos, que o sistema de eleição proporcional propicia verdadeiras aberrações, que o financiamento de campanhas é o gatilho da corrupção e que o voto distrital merece ser experimentado. Mas há mais pontos a atacar: o foro privilegiado não pode ser passaporte para a impunidade, a lei da ficha limpa tem que ser ampliada para dirigentes partidários, o instituto do recall também poderia ser introduzido na legislação brasileira para proporcionar maior poder ao eleitor de retirar o mandato de quem o trai. 
   Há, porém, um aspecto que não depende unicamente de mudanças na legislação. Os cidadãos têm que aprender a selecionar seus representantes por critérios mais rigorosos, informando-se sobre a carreira, os posicionamentos éticos e as ideias dos candidatos antes de chancelar seus nomes nas urnas. Atualmente, a tecnologia facilita esse tipo de pesquisa.
   Evidentemente, sempre há a possibilidade de alguém ter um comportamento exemplar como candidato e depois se deixar corromper. Por isso, a vigilância tem que ser constante e implacável. Os cidadãos podem - e devem - mover representações contra os políticos que desonram seus mandatos e acionar todos os mecanismos de pressão disponíveis para exigir que se corrijam.
   Se não nos transformarmos em fiscais de nossos representantes, continuaremos a passar por situações constrangedoras como a do último domingo.

Fonte: Zero Hora, 26/04/2016.

Sobre o texto, é incorreto afirmar:

Alternativas
Comentários
  • Para marcar a incorreta:

    a) ser um editorial sobre postura política.(correta- editorial é texto de cunho jornalístico e opinativo que serve para apresentar o posicionamento crítico de determinado grupo - no caso, Jornal Zero Hora, sobre um assunto político).

    b) colocar, no eleitor, a responsabilidade pela chancela eficiente na seleção de representantes. ("Os cidadãos têm que aprender a selecionar seus representantes por critérios mais rigorosos"- correta)

    c) incitar o leitor a usar a tecnologia para analisar o perfil dos candidatos. ("Atualmente, a tecnologia facilita esse tipo de pesquisa.

      Evidentemente, sempre há a possibilidade de alguém ter um comportamento exemplar como candidato e depois se deixar corromper. Por isso, a vigilância tem que ser constante e implacável. Os cidadãos podem - e devem - mover representações contra os políticos que desonram seus mandatos e acionar todos os mecanismos de pressão disponíveis para exigir que se corrijam [...] Se não nos transformarmos em fiscais de nossos representantes, continuaremos a passar por situações constrangedoras como a do último domingo". -> Correta, o autor inclusive usa a plural, incluindo a si e ao leitor na condição de cidadão, e coloca a tecnologia como um facilitador para o exercício da vigilância dos seus representantes)

    d) privilegiar a norma culta na elaboração do texto. (correta - a norma culta é utilizada neste tipo de texto)

    e) revelar, de maneira subliminar, a postura do editor sobre o "impeachment".(Trata-se de texto dissertativo, no qual o editor demonstra abertamente a sua opinião sobre o impeachment, e não de forma subliminar. "Os brasileiros levaram um choque de vergonha alheia assistindo à sessão plenária da Câmara Federal que aprovou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na semana passada. Cada um dos 511 parlamentares que votaram tinha 30 segundos para justificar o seu voto, mas a maioria ultrapassou o tempo regimental para homenagear familiares e conterrâneos, para fazer média com suas bases eleitorais ou para usar o nome de Deus em vão. O festival de frivolidades provocou nos eleitores mais lúcidos um misto de constrangimento e consciência de que é preciso encontrar um caminho para a qualificação da representação política em nosso país.".