- ID
- 3515200
- Banca
- MS CONCURSOS
- Órgão
- CIJUN
- Ano
- 2012
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Leia o texto abaixo para responder a questão.
Hoje eu estou altamente informática. A superstição perniciosa generalizada é que é preciso deletar o anterior,
para aceitar o novo. Que pobreza, que pobreza, que pobreza, que atraso! Se a memória aceita, se o perfil
confere, se a senha foi dada, roda os dois programas ao mesmo tempo, roda os três, roda os vinte, porra!
Minimiza um, roda embaixo o outro, exporta um arquivo pra lá, outro pra cá, a informática é muito educativa,
para que os débeis mentais que tanto pontificam e nos abalam com suas besteiras compreendam que os
processos mentais que consideram sublimes e prova da existência de Deus são meras linhazinhas de comando
de rotina no DOS do cérebro, o buraco é abissalmentissimamente mais embaixo. Claro que a paixão nova, no
primeiro momento, mobiliza muito o apaixonado, que tende a ficar cego para os outros arquivos e aí, na maior
parte das vezes, o entulho burro começa a aporrinhar, o camarada foi treinado para não achar aquilo certo, tem
que deletar o arquivo em uso, não sei o quê. A analogia informática continua certeira, é como um programa
novo, um brinquedo novo. Mas depois a gente abre o arquivo mais antigo, é bom, reaviva, estimula, meu Deus,
por que erigimos empecilhos absurdos e destrutivos da beleza da Criação, os arquivos podem conviver na maior
paz; clica, ele abre, tudo pronto para o deleite de todos e o cumprimento cioso quão alegre da sina! O limite é a
memória! E quantos gugóis de bytes não temos na memória? Nunca vamos usar nem um zilionésimo, por mais
que vivamos e abertos sejamos.
RIBEIRO, J. Ubaldo. A casa dos budas ditosos. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. Col. Plenos Pecados, pag. 151-152
Na frase “Hoje eu estou altamente informática.”, a palavra grifada é classificada morfologicamente como: