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ID
3518467
Banca
FAPEC
Órgão
UFMS
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      A miscigenação brasileira é tão antiga quanto o Brasil. Começou na primeira geração de colonizadores portugueses, muitos dos quais se casavam com índias e adotavam modos tupi. Em meio à brutalidade da escravidão, ex-escravos africanos e filhos livres deles também se casaram com brancos e brancas, gerando uma população majoritariamente mestiça. José Bonifácio, o Patriarca da Independência e defensor da Abolição, já enxergava o casamento inter-racial como uma das grandes forças culturais da nova nação que ele ajudava a fundar. Você, que está lendo este texto, provavelmente tem um pouco dessas três origens (e de outras) no seu DNA.

      Na cultura, algo similar acontece. [...] A cultura oficial por muito tempo pretendeu ser europeia, embora contasse com expoentes mestiços e negros (como Padre Vieira, o poeta simbolista Cruz e Souza, Machado de Assis). Com o modernismo, hoje centenário, o valor da miscigenação finalmente entrou em nossa consciência, para não sair mais dela. 

      Dito isso, não existe racismo no Brasil, então? Claro que existe. E muito. Mesmo assim, as últimas décadas foram palco de um fenômeno positivo, que é a revalorização da nossa matriz africana e a afirmação da beleza negra e mestiça [...]. Essa beleza nunca deixou de ser notada, por exemplo, na música popular, mas era inferiorizada em grande parte da cultura e das relações humanas. 

      Ao trazermos para cá a militância americana, apagamos a mestiçagem brasileira como realidade social e como valor. Em vez de abraçar o que é brasileiro e livremente usado por pessoas de todas as cores e credos, essa militância reforça justamente aquilo que deveria ser combatido: a segregação. 

(FONSECA, Joel Pinheiro da. A receita brasileira para um futuro livre de racismo. Superinteressante, São Paulo: Editora Abril, abr. 2017. p. 10-11. Fragmento com adaptações).  

O texto articula-se em sequências (ou tipologias) textuais:

Alternativas
Comentários
  • Gab: B

    >> Tem características de texto expositivo pois o locutor tem o objetivo de explanar um determinado assunto: a miscigenação;

    >> Há também características de texto argumentativo, pois o autor se vale de argumentos para defender a sua tese: de que a miscigenação é tão antiga quanto o Brasil;

  • ✅ Gabarito: B

    ✓ Temos um texto com preponderância expositiva, mas com marcas argumentativas.

    O autor expõe inúmeras informações (informa o leitor: expositivo) e procura convencê-lo acerca da antiguidade da miscigenação (=argumentativo).

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  •   Na cultura, algo similar acontece. [...] A cultura oficial por muito tempo pretendeu ser europeia, embora contasse com expoentes mestiços e negros (como Padre Vieira, o poeta simbolista Cruz e Souza, Machado de Assis). Com o modernismo, hoje centenário, o valor da miscigenação finalmente entrou em nossa consciência, para não sair mais dela. 

    É visível marcas de opinião do autor, logo, o texto possui valor argumentativo. Possui também valor expositivo pois ele relata um assunto.

  • A questão trata do assunto tipologia textual e quer que indiquemos em qual se classifica o texto em exposição.

    Ao ler o texto percebe-se que até o primeiro parágrafo está expondo sobre a mistura das cores de pele que acontece no Brasil. O restantes dos parágrafos passa ideia de defesa que no nosso país há racismo, o autor baseia seus argumentos com vários exemplos. Após breve análise do texto podemos resolver as alternativas. Vejamos:

    a) descritivas e narrativas.

    Incorreta. A descrição se baseia em enumerar as características de uma pessoa, um local ou um objeto, de forma detalhada. No texto isso não acontece. Esse é uma modalidade textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. No nosso texto não há nada disso.

    b) expositivas e argumentativas.

    Correta. O expositivo é caracterizado por esclarecer um assunto de maneira atemporal com o objetivo de explicá-lo de maneira clara. Ao logo do texto após o expor defende uma ideia usando algumas opiniões. Vejam esse trecho para comprovar isso "Dito isso, não existe racismo no Brasil, então? Claro que existe." Por isso que o texto é expositivo a expor um fato e argumentativo por defender uma ideia.

    c) narrativas e dialogais.

    Incorreta. A narração se caracteriza por relatar situações, fatos e acontecimentos, reais ou imaginários. Toda história mobiliza personagens, situados em um determinado tempo e lugar. O texto não há nada disse.

    d) argumentativas e injuntivas.

    Incorreta. A injunção, segundo Travaglia, tem por finalidade incitar à realização de uma situação, requerendo-a ou desejando-a, ensinando ou não como realizá-la. A tipologia textual injuntiva está presente em gêneros como as receitas, os manuais e as instruções de uso e montagem, os textos de orientação (leis de trânsito) e os textos doutrinários. Como pudemos ver o nosso texto não tem como característica nos ensinar sobre nenhuma situação como se fosse uma bula ou receita.

    e) expositivas e narrativas.

    Incorreta. Não pode ser uma narração. Vide a explicação da alternativa "c".

    Referência bibliográfica.

    KÖCHE, Vanilda Salton/ BOFF. Odete Maria Benetti/ MARINELLO. Adiane Fogali Leitura e produção textual : gêneros textuais do argumentar e expor / – Petrópolis, RJ : Vozes, 2017.

    GABARITO B

     

  • Àqueles que, como eu, ficaram com dúvidas sobre o que é um texto injuntivo.

    texto injuntivo ou instrucional está pautado na explicação e no método para a concretização de uma ação. Ele indica o procedimento para realizar algo, por exemplo, uma receita de bolo, bula de remédio, manual de instruções, editais e propagandas.

    Fonte: todamateria.com.br

  • O texto dissertativo-expositivo tem como objetivo informar e esclarecer o leitor através da exposição de um determinado assunto ou tema. Não há a necessidade de convencer o leitor, apenas de expor conhecimentos, ideias e pontos de vista.

    O texto dissertativo-argumentativo tem como objetivo persuadir e convencer, ou seja, levar o leitor a concordar com a tese defendida. É expressa uma opinião crítica acerca de um assunto, sendo defendida uma tese sobre esse assunto através de uma argumentação clara e objetiva, fundamentada em fatos verídicos e dados concretos.