- ID
- 3535201
- Banca
- FUNDEP (Gestão de Concursos)
- Órgão
- ARISB - MG
- Ano
- 2017
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder a
questão.
A ciência ainda é terra de homens. Conheça
7 brasileiras que estão mudando isso
Em meio à crise da ciência no Brasil, sete pesquisadoras
receberam, na última terça-feira, o Prêmio Para Mulheres
na Ciência, criado em 1998 para estimular a presença
de mulheres em áreas da pesquisa em que elas foram,
historicamente, preteridas.
O dia de entrega do Prêmio, 24 de outubro, coincidiu
com a divulgação do novo Relatório de Monitoramento
Global da Educação 2017-2018 da Unesco – uma das
promotoras do prêmio, junto à L’Oréal e à Academia
Brasileira de Ciências. E o que o relatório mostra é
exatamente o que as laureadas deste ano experimentam
no dia a dia da pesquisa científica: no mundo todo, os
índices de mulheres na universidade está aumentando.
Já há mais mulheres do que homens fazendo curso
superior. O problema é que cursos chamados STEM
(ciências, tecnologia, engenharia e matemática) –
as áreas que o Para Mulheres na Ciência premia
anualmente – têm uma falta notória de mulheres.
Exceções começaram a aparecer: Albânia, Algéria e
Tunísia formam mais mulheres em ciências exatas e
biológicas do que homens. Mas a maioria dos países
mostra o contrário. No Chile, em Gana e na Suíça, menos
de ¼ das salas de aula desses cursos é composta por
mulheres.
Dentro das carreiras de pesquisa, essa disparidade
tende a aumentar conforme cresce a importância do
cargo. “A parcela de mulheres em papéis de liderança
diminui na medida em que os níveis [educacionais]
aumentam”, aponta o relatório. Mesmo antes da
carreira acadêmica, na própria educação básica, essa
é a tendência nos cargos de gestão. A educação infantil
e o ensino fundamental, no mundo todo, são repletos
de professoras mulheres, mas elas são minoria como
educadores de ensino médio e nos cargos de direção
escolar.
É exatamente essa questão que experimentaram
as vencedoras do prêmio. “Não vejo diferença na
quantidade de mulheres que atuam na área, o que eu
vejo é a diferença no andamento da carreira”, diz Pamela
Carpes, neurocientista que se dedica a avaliar nos
mamíferos as consequências cerebrais do abandono
parental na infância. “A ascensão a cargos de prestígio,
presidências de sociedade, é diferente. Sou membro
da Sociedade Brasileira de Fisiologia, que existe há
anos. Estamos, neste ano, apenas na segunda mulher
presidindo – mesmo que haja mais mulheres [como
membros] do que homens.”
[...]
Neste cenário já complicado, se acrescenta a dificuldade
crescente de fazer ciência no Brasil, para pesquisadores
de todos os gêneros. Os cortes federais no orçamento
voltado à ciência e à tecnologia renderam, inclusive,
uma carta de protesto assinada por 23 vencedores do
prêmio Nobel diretamente ao presidente Michel Temer.
A situação nas universidades é parecida.
[...]
Entra aí o Para Mulheres na Ciência, que garante um
financiamento de pesquisa de R$ 50 mil para cada
premiada. “Mistura a exposição de um prêmio com
um recurso de edital de agência que permite que os
trabalhos sigam”, pontua Rafaela.
Essa visibilidade extra das cientistas ajuda, aliás,
a explicar ao público que tipo de projetos de ciência de
ponta estão sendo desenvolvidos no Brasil – que também
é algo que adoramos fazer aqui na SUPER. “Acaba nos
aproximando muito mais da sociedade”, conclui Gabriela
Nestal, premiada por um projeto que estuda a resistência
genética aos tratamentos quimioterápicos de câncer de
mama – visa, basicamente, entender por que algumas
pessoas simplesmente não respondem ao tratamento.
A sétima pesquisadora premiada no Rio de Janeiro,
durante a inauguração do Centro de Pesquisa & Inovação
da L’Oréal no Brasil, é Diana Sasaki, matemática da
UERJ especializada em estudos de grafos. Eles são
usados para resolver dilemas complicadíssimos de
análise combinatória – mas têm exemplos muito claros
na vida real, como a necessidade de diferentes aviões
de rotas diversas aterrissarem no mesmo local sem
que tenham problemas de encontro. Essa área de
conhecimento, portanto, usa simulações matemáticas
para ajudar a modelar (e resolver) problemas de conflito.
As sete laureadas desse ano se juntam às 82 brasileiras
já apoiadas pelo prêmio – que tem também uma
versão internacional, o For Women in Science, que
premia anualmente cinco das pesquisadoras mais
bem-sucedidas do mundo em suas áreas. Duas das
laureadas, Ada Yonath e Elizabeth Blackburn, acabaram
por ganhar, eventualmente, o Nobel.
Lucia Mendonça Previato, brasileira premiada pelo For
Women in Science internacional em 2004, estava na
premiação representando a Academia Brasileira de
Ciências. Para ela, “comemorações como essa resultam
em festa, mas principalmente em esperança”. Esperança
de um futuro com mais líderes mulheres na ciência e
uma realidade mais promissora para a valorização dos
cientistas no Brasil.
LEONARDI, Ana Carolina. SuperInteressante.
Disponível em:: <https://goo.gl/gezso9> .
Acesso em: 30 out. 2017 [Fragmento adaptado].
Analise as afirmativas a seguir.
I. O prêmio financeiro visa fomentar a pesquisa das
vencedoras.
II. As universidades federais têm enfrentado
problemas de cortes em seus orçamentos.
III. Em alguns países, já há mais mulheres do que
homens nas universidades em algumas áreas de
exatas.
De acordo com o texto, estão corretas as afirmativas: