- ID
- 3535225
- Banca
- FUNDEP (Gestão de Concursos)
- Órgão
- ARISB - MG
- Ano
- 2017
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder a
questão.
A ciência ainda é terra de homens. Conheça
7 brasileiras que estão mudando isso
Em meio à crise da ciência no Brasil, sete pesquisadoras
receberam, na última terça-feira, o Prêmio Para Mulheres
na Ciência, criado em 1998 para estimular a presença
de mulheres em áreas da pesquisa em que elas foram,
historicamente, preteridas.
O dia de entrega do Prêmio, 24 de outubro, coincidiu
com a divulgação do novo Relatório de Monitoramento
Global da Educação 2017-2018 da Unesco – uma das
promotoras do prêmio, junto à L’Oréal e à Academia
Brasileira de Ciências. E o que o relatório mostra é
exatamente o que as laureadas deste ano experimentam
no dia a dia da pesquisa científica: no mundo todo, os
índices de mulheres na universidade está aumentando.
Já há mais mulheres do que homens fazendo curso
superior. O problema é que cursos chamados STEM
(ciências, tecnologia, engenharia e matemática) –
as áreas que o Para Mulheres na Ciência premia
anualmente – têm uma falta notória de mulheres.
Exceções começaram a aparecer: Albânia, Algéria e
Tunísia formam mais mulheres em ciências exatas e
biológicas do que homens. Mas a maioria dos países
mostra o contrário. No Chile, em Gana e na Suíça, menos
de ¼ das salas de aula desses cursos é composta por
mulheres.
Dentro das carreiras de pesquisa, essa disparidade
tende a aumentar conforme cresce a importância do
cargo. “A parcela de mulheres em papéis de liderança
diminui na medida em que os níveis [educacionais]
aumentam”, aponta o relatório. Mesmo antes da
carreira acadêmica, na própria educação básica, essa
é a tendência nos cargos de gestão. A educação infantil
e o ensino fundamental, no mundo todo, são repletos
de professoras mulheres, mas elas são minoria como
educadores de ensino médio e nos cargos de direção
escolar.
É exatamente essa questão que experimentaram
as vencedoras do prêmio. “Não vejo diferença na
quantidade de mulheres que atuam na área, o que eu
vejo é a diferença no andamento da carreira”, diz Pamela
Carpes, neurocientista que se dedica a avaliar nos
mamíferos as consequências cerebrais do abandono
parental na infância. “A ascensão a cargos de prestígio,
presidências de sociedade, é diferente. Sou membro
da Sociedade Brasileira de Fisiologia, que existe há
anos. Estamos, neste ano, apenas na segunda mulher
presidindo – mesmo que haja mais mulheres [como
membros] do que homens.”
[...]
Neste cenário já complicado, se acrescenta a dificuldade
crescente de fazer ciência no Brasil, para pesquisadores
de todos os gêneros. Os cortes federais no orçamento
voltado à ciência e à tecnologia renderam, inclusive,
uma carta de protesto assinada por 23 vencedores do
prêmio Nobel diretamente ao presidente Michel Temer.
A situação nas universidades é parecida.
[...]
Entra aí o Para Mulheres na Ciência, que garante um
financiamento de pesquisa de R$ 50 mil para cada
premiada. “Mistura a exposição de um prêmio com
um recurso de edital de agência que permite que os
trabalhos sigam”, pontua Rafaela.
Essa visibilidade extra das cientistas ajuda, aliás,
a explicar ao público que tipo de projetos de ciência de
ponta estão sendo desenvolvidos no Brasil – que também
é algo que adoramos fazer aqui na SUPER. “Acaba nos
aproximando muito mais da sociedade”, conclui Gabriela
Nestal, premiada por um projeto que estuda a resistência
genética aos tratamentos quimioterápicos de câncer de
mama – visa, basicamente, entender por que algumas
pessoas simplesmente não respondem ao tratamento.
A sétima pesquisadora premiada no Rio de Janeiro,
durante a inauguração do Centro de Pesquisa & Inovação
da L’Oréal no Brasil, é Diana Sasaki, matemática da
UERJ especializada em estudos de grafos. Eles são
usados para resolver dilemas complicadíssimos de
análise combinatória – mas têm exemplos muito claros
na vida real, como a necessidade de diferentes aviões
de rotas diversas aterrissarem no mesmo local sem
que tenham problemas de encontro. Essa área de
conhecimento, portanto, usa simulações matemáticas
para ajudar a modelar (e resolver) problemas de conflito.
As sete laureadas desse ano se juntam às 82 brasileiras
já apoiadas pelo prêmio – que tem também uma
versão internacional, o For Women in Science, que
premia anualmente cinco das pesquisadoras mais
bem-sucedidas do mundo em suas áreas. Duas das
laureadas, Ada Yonath e Elizabeth Blackburn, acabaram
por ganhar, eventualmente, o Nobel.
Lucia Mendonça Previato, brasileira premiada pelo For
Women in Science internacional em 2004, estava na
premiação representando a Academia Brasileira de
Ciências. Para ela, “comemorações como essa resultam
em festa, mas principalmente em esperança”. Esperança
de um futuro com mais líderes mulheres na ciência e
uma realidade mais promissora para a valorização dos
cientistas no Brasil.
LEONARDI, Ana Carolina. SuperInteressante.
Disponível em:: <https://goo.gl/gezso9> .
Acesso em: 30 out. 2017 [Fragmento adaptado].
O texto faz uso de linguagem predominantemente formal,
típica das notícias. Há, então, passagens com marcas de
informalidade na superfície textual.
Assinale o trecho que contém marca de linguagem
informal.