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ID
3657139
Banca
FEPESE
Órgão
Prefeitura de Águas de Chapecó - SC
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto

Aula de português

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe-se lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é que sabe,
E vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas
Atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade 

Analise as afirmativas abaixo considerando o texto:

1. O personagem principal do poema é o professor Carlos Góis.
2. As estrofes 1 (linhas de 1 a 4) e 2 (linhas de 5 a 7) referem-se a coisas distintas.
3. O poema refere-se às duas formas de uso da Língua Portuguesa.
4. O último verso representa uma síntese da temática do poema.
5. O namoro, mencionado no poema, era entrecortado pela linguagem culta.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

Alternativas
Comentários
  • Uau! Suei, mas consegui acertar.

    Entendi da seguinte maneira:

    1. O personagem principal do poema é o professor Carlos Góis. ERRADO!

    O personagem principal é quem está narrando a história.

    Estando a afirmativa 1 errada, já conseguimos eliminar as alternativas A e C.

    2. As estrofes 1 (linhas de 1 a 4) e 2 (linhas de 5 a 7) referem-se a coisas distintas. CERTO!

    A estrofe 1 refere-se à linguagem FALADA ("(...) na ponta da língua. Tão fácil de FALAR (...)"). A estrofe 2 refere-se à linguagem ESCRITA ("(...) superfície estrelada de LETRAS(...)").

    Se a afirmativa 2 está correta, podemos eliminar TODAS aquelas que não a têm. Resta apenas as afirmativas C e D. Como eliminamos a C anteriormente, a ÚNICA que pode está certa é a D!

    3. O poema refere-se às duas formas de uso da Língua Portuguesa. CERTO!

    Refere-se à linguagem FALADA e à linguagem ESCRITA.

    4. O último verso representa uma síntese da temática do poema. CERTO!

    "O português são dois; o outro, mistério." Realmente são duas formas: a falada e a escrita.

    O "outro" não entendi com clareza e certeza a que se refere. Ao "namoro"? Não sei.

    Se algum colega mais esclarecido puder explicar, agradeço.

    5. O namoro, mencionado no poema, era entrecortado pela linguagem culta. ERRADO!

    "entrecortada" é uma característica da língua em questão. Afirmativa sem pé nem cabeça.

    Foi assim que entendi a questão e resolvi ajudar aos colegas que estão no mesmo barco. Se falei alguma besteira, peço perdão e que corrijam.

  • ""O português são dois; o outro, mistério." Realmente são duas formas: a falada e a escrita.

    O "outro" não entendi com clareza e certeza a que se refere. Ao "namoro"? Não sei.

    Se algum colega mais esclarecido puder explicar, agradeço."

    Olá amigo de cima, tudo bem? Acho que encontrei sua explicação. O que acontece é o seguinte, no texto todo o autor fala que existem duas formas de gramática: a falada e a escrita, mas quem seriam os outros?

    De acordo com o texto abaixo (eu depreendi assim, portanto, vou deixar a fonte caso alguém tenha outra interpretação), os outros referem-se àqueles que querem impor uma nova linguagem ao povo, por exemplo: judiciário (com uma linguagem rebuscada), bulas de remédio e por aí vai. Segue a explicação:

    "É pautado nos princípios da unidade linguística que se aniquilam as produções científicas e literárias, pois ao admitir apenas um modo de uso da palavra, aqueles que não dominam esta modalidade tendem a se calar. Enquanto que se o falante usasse livremente da palavra, ou seja, se ativesse ao conteúdo mais que a forma, seria capaz de produzir qualquer texto e dialogar sobre todos os assuntos, entretanto, quando o discurso se prende as regras de livros, o falante tende a se ocultar por medo de falar errado. No poema Aula de português de Drummond, encontramos essa realidade apresentada liricamente,

    A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender. / A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer? / Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me./ Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima. / O português são dois; o outro, mistério. (ANDRADE, 1988, apud SILVA, 2004, p.129)

    Percebemos então que a aquisição da norma-padrão enquanto única modalidade linguística aceita, não soma ao indivíduo, ao contrário, subtrai, pois o falante perde a variante com a qual se comunica em qualquer situação para adquirir superficialmente uma que não lhe pertence.

    A língua veicula os valores, crenças e a cultura do povo que a usa, romper com esta é ignorar a própria história; é abrir mão da sua identidade em prol da de outros, os quais se reafirmam cada vez mais como dominadores e opressores daqueles que perdem suas raízes."

    Fonte: É o site Brasil Escola, pelo visto o q concursos não aceita link...rs