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ID
3721183
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFRB
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 
Brumadinho, Mariana, impunidade e descaso

Nenhum dos envolvidos no desastre de 2015 foi responsabilizado, e a fiscalização continuou precária mesmo depois da primeira tragédia: ingredientes para mais uma catástrofe

       Pouco mais de três anos depois do desastre de Mariana, do qual Minas Gerais ainda luta para se recuperar, mais um rompimento de barragem da mineradora Vale assombra o país. Desta vez, como afirmou o presidente da empresa, Fabio Schvartsman, o custo ambiental pode até ter sido menor que o de Mariana, mas o custo humano foi muito maior. (...) Como é possível que dois desastres dessas dimensões tenham ocorrido em um espaço que, para este tipo de situação, pode ser considerado curto?
         Mariana – cuja barragem pertencia à Samarco, joint-venture entre a Vale e a britânica BHP Billiton – deveria ter servido de aprendizado, mas todas as informações que surgiram após o desastre de Brumadinho mostram que os esforços nem das empresas responsáveis, nem do Estado brasileiro foram suficientes para evitar que outro episódio catastrófico ocorresse. A empresa certamente sabe que a preservação e a prevenção compensam; os danos de imagem podem ser diferentes daqueles que atingem outros tipos de negócios – o público não pode simplesmente “boicotar” uma mineradora, por exemplo –, mas também existem, e a Vale sentiu, nesta segunda-feira, a perda de seu valor de mercado. Schvartsman chegou a dizer que a empresa fez todo o possível para garantir a segurança de suas barragens depois de Mariana, mas agora se sabe que “todo o possível” não bastou.
           A palavra ausente neste período entre Mariana e Brumadinho é “responsabilização”. O Ministério Público Federal denunciou 21 pessoas e as três empresas (Samarco, Vale e BHP Billiton) pelo desastre de Mariana, mas ainda não houve julgamento. A Gazeta do Povo apurou que, das 68 multas aplicadas após a tragédia de 2015, apenas uma está sendo paga, em 59 parcelas. A demora para que os responsáveis paguem pela sucessão de irresponsabilidades que levou ao desastre certamente não incentiva as mineradoras a manter boas práticas de prevenção de desastres que possam ir além do estritamente necessário.
          Os dados mais estarrecedores, no entanto, vieram dos relatórios governamentais que mostram uma inação quase completa do poder público na fiscalização do estado das barragens no país. O Relatório de Segurança de Barragens de 2017, da Agência Nacional de Águas, mostra que apenas 27% das barragens de rejeitos (caso tanto de Mariana quanto de Brumadinho) foram vistoriadas em 2017 pela Agência Nacional de Mineração. Há 45 barragens com “algum comprometimento importante que impacte a sua segurança”. A informalidade é a regra: 42% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não têm nenhum tipo de documento como outorga, autorização ou licença. E, nos poucos casos em que há vistoria, ela é feita por amostragem de algumas áreas da barragem, o que pode ignorar pontos críticos. É assim que tanto a barragem de Fundão, em Mariana, como a da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, foram consideradas seguras. Ainda mais revoltante é a informação de que a Câmara de Atividades Minerárias da Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais aprovou uma ampliação de 70% no complexo Paraopeba (onde se encontrava a barragem que estourou em Brumadinho) de forma apressada, rebaixando o potencial poluidor da operação para que o licenciamento ambiental pudesse pular fases.
             A atividade mineradora é atribuição da iniciativa privada, mas a fiscalização é uma obrigação do Estado. E os relatórios demonstram que o governo não deu importância a esse trabalho nem mesmo depois de Mariana. Como resultado desta omissão coletiva, dezenas, possivelmente centenas, de vidas perderam-se em Brumadinho. Mortes que poderiam ter sido evitadas se o caso de 2015 tivesse levado a uma responsabilização rápida por parte da Justiça, um trabalho mais cuidadoso por parte das empresas de mineração e uma fiscalização abrangente feita pelo governo.
Adaptado de: <https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/brumadinho-mariana-impunidade-e-descaso-6621e4i8qg00dhyqctji1wdh2/>.
Acesso em: 04 abr. 2019.

O texto pode ser considerado pertencente ao gênero editorial, pois

Alternativas
Comentários
  • Gabarito letra D.

    O texto editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente aparece no início das colunas. Diferente dos outros textos que compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos opinativos. Os textos são organizados pelos editorialistas, que expressam as opiniões da equipe e, por isso, não recebem a assinatura do autor. No geral, eles apresentam a opinião do meio de comunicação (revista, jornal, rádio, etc.). - fonte: site todamatéria. Na questão em tela, temos o jornal Gazeta do Povo expondo sua opinião ao leitor.

  • GABARITO: D

    O texto editorial tem um caráter opinativo e é utilizado na imprensa, especialmente nos jornais e revistas. Além disso, ele tem um cunho argumentativo, pois tem como finalidade convencer o leitor daquilo que ele acredita.

  • O texto editorial  caráter opinativo e é utilizado na imprensa, especialmente nos jornais e revistas. Além disso, ele tem um cunho argumentativo, pois tem como finalidade convencer o leitor daquilo que ele acredita.

  • Adaptado de: <https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/brumadinho-mariana-impunidade-e-descaso-6621e4i8qg00dhyqctji1wdh2/>.

  • O texto editorial são texto que exprime uma opinião do jornal, que no caso seria dos editores, colunistas e assim vai. No texto vamos acompanhar subjetividade e uma expansão de opinião ao exemplo da parte: "o mais revoltante".

  • Um editorial é um artigo que apresenta a opinião de um grupo sobre determinada questão; por causa disso, ele normalmente não é assinado. Essencialmente, um editorial é um texto de opinião que apresenta o posicionamento da empresa jornalística - revelada, em linhas gerais, nos manuais de redação ou cartas de princípios.

    O gênero textual editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente aparece no início das colunas. Diferente dos outros textos que compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos opinativos, ou seja, aqueles que têm a finalidade de persuadir o leitor a partir de argumentos consistentes como comparações, depoimentos de autoridades, dados estatísticos, de pesquisa etc.

  • Vamos simplificar!

    GAB: D

    Função Conotativa ou Apelativa = É o receptor do ato comunicativo, por isso é coativo em relação a ele: O que se quer convencê-lo, persuadi-lo.

    -Muito utilizada em PROPAGANDAS e textos publicitários, com uso de verbos no imperativo.

    -uso das 2° e 3° pessoas.

    >Função denotativa

    Função da informação, enfatiza o assunto/contexto. Objetiva, discurso na ordem direta e foco na terceira pessoa.

    EX: notícias, manuais, folhetos, artigos científicos

    Função emotiva ou expressiva

    Caráter subjetivo. Emite opiniões, emoções, desejos, sentimentos.

    Ex: artigos de opinião, diários, poemas

    Função Fática ou de contato

    Centrada no canal ou no veículo de comunicação. Manutenção do ato comunicativo, busca manter a interação com o receptor.

    Função metalinguística

    Função da explicação. O Código explica o próprio Código.

    Ex: expressões "ou seja" "por exemplo" "sendo assim" introduzem a manifestação dessa linguagem.

    Fonte: Mix de anotações + comentários de colegas do QC!

    Avante!