O DIP possuía os setores de divulgação, radiodifusão, teatro, cinema, turismo e imprensa. Cabia-lhe coordenar, orientar e centralizar a propaganda interna e externa, fazer censura ao teatro, cinema e funções esportivas e recreativas, organizar manifestações cívicas, festas patrióticas, exposições, concertos, conferências, e dirigir o programa de radiodifusão oficial do governo. Vários estados possuíam órgãos filiados ao DIP, os chamados "Deips". Essa estrutura altamente centralizada permitia ao governo exercer o controle da informação, assegurando-lhe o domínio da vida cultural do país.
O DIP
Com o golpe e o fortalecimento do poder presidencial de Getúlio, as manifestações políticas foram proibidas. O governo criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que exaltava publicamente os atos governamentais. O DIP atuava em duas direções:
▪ a repressora, com forte censura e controle das informações,
▪ e a propagandística, com a difusão de uma suposta “cultura nacional” que significava a valorização de princípios defendidos por Vargas e a vinculação da imagem de seu governo como um “Estado Novo”, que estabelecia as bases para o desenvolvimento do país.
A censura foi sentida em diferentes jornais da época. O jornal Estado de São Paulo, por exemplo, sob controle direto do DIP, publicava editoriais exaltando o espírito conciliador do ditador. Um deles dizia que Vargas era “homem sem ódio e sem vaidade, dominado pela preocupação de fazer o bem e servido por um espírito de tolerância exemplar, sistematicamente devotado ao serviço da Pátria”. Inúmeros folhetos de propaganda enaltecendo o caráter conciliador de Vargas e sua faceta de “protetor dos pobres” foram produzidos pelo DIP e distribuídos nos sindicatos, escolas e clubes. Cartilhas foram especialmente preparadas para os jovens.
O rádio era um dos principais instrumentos de propaganda, e o governo federal apoiava financeiramente rádios que o exaltassem. Ele integrava o país e levava a voz de Getúlio, suas ideias e valores, a todo o Brasil. Era um presidente que “conversava” com o povo, sobretudo durante a Hora do Brasil, programa obrigatório em cadeia nacional que relatava os feitos do governo. Ao mesmo tempo, os programas radiofônicos revelavam cantoras e cantores, os grandes ídolos nacionais da época. Emilinha Borba, Marlene, Carmen Miranda e muitos outros encantavam brasileiros e arrebatavam fãs por todo o país. As radionovelas mobilizavam o Brasil, seguidas religiosamente por uma imensa multidão.
Assim, baseando-se no culto personalista, Getúlio incentivava o culto à sua personalidade desenvolvidas pelo Estado, se apresentando como um líder das massas.