TEXTO 08
[...]
Sangram-me o peito, palavras/punhais de um reduzido número de pessoas insensatas que dominam o país e assistem com prazer, na arena dos verdes campos de minha terra, a homens digladiando-se e outros defendendo a utopia; outros, ainda incautos, insanamente ganham o pão de cada dia ao colorir a terra com sangue do irmão.
Meu olhar, ante opaco, adquire a transparência límpida do regato. Minhas retinas fotografam e embaralham cartas e cenas, alegres e tristes.
Cada pessoa ocupa o seu lugar. Existe. Resiste. Luta e revanche; recebe pancadas e flores. Sorriso de rosas; chicotadas traiçoeiras apanham-na, desprevenidamente, ao virar a esquina do tempo.
Importa viver, importa navegar nas naves aventureiras e, sem comparações, viver sua história – de amor? Em julgar ou estabelecer parâmetros para suas ações. [...]
(MARTINS, Maria Teresinha. Rapto de memória. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2010. p. 75.)