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A verdadeira muralha da China
Nos últimos anos, poucos eventos sacudiram tanto a China quanto a internet. Seu número de internautas já é
maior do que os 230 milhões de usuários americanos, segundo a North America Internet Stats. Trata-se de um público
de jovens, com menos de 30 anos, que declaram ter na internet sua melhor fonte de informação. Todos eles, porém,
encontram dificuldades para superar um gigantesco problema: a censura.
Um poderoso firewall oficial é a verdadeira muralha da China moderna. A segregação digital, porém, começa a ser
sacudida por caminhos inesperados. Diante da possível interrupção de serviços do Google no país, a conceituada revista
Nature realizou sondagem na comunidade científica chinesa e colheu resultados de primeira grandeza: a censura e o
eventual fechamento do Google farão muito mal à ciência do país. Segundo os dados divulgados pela agência Reuters
(24.02.2010), mais de 70% dos cientistas chineses utilizam o Google como ferramenta de busca de dados, informações,
artigos científicos e literatura acadêmica em geral. Dos cientistas entrevistados, 84% afirmaram que suas pesquisas perderiam substantivamente em qualidade se fossem privados do uso do Google; 78% afirmaram que sua colaboração internacional seria profundamente afetada. O problema de fundo, que preocupa as autoridades chinesas, é que a existência
do Google levou a uma alteração de hábitos de pesquisa, interferindo no modo de explorar, testar e difundir informações
necessárias para a geração de conhecimento. Longe de um gesto de censura de curto alcance (se é que isso é possível),
a interrupção do Google provocaria reações de longa duração, com impacto sensível na eficiência da pesquisa científica.
Para um país disposto a disputar a hegemonia mundial, em que a pesquisa científica e tecnológica é a menina dos olhos
das autoridades, as novidades vindas da comunidade científica não poderiam ser piores.
Os milhares de funcionários chineses que zelam pelo sistema de censura fariam mais pela eficiência do país se ficassem menos preocupados em perseguir URIs, URLs, FTPs e HTTPs. Para o nervosismo da “nomenklatura” (e satisfação de todos os que desejam um mundo em que o conhecimento possa fluir livremente, a começar pelos cientistas e pesquisadores chineses), uma sucessão infindável de geeks, hackers, nerds, dorks e dweebs, com seus correlatos em chinês, descobre a cada dia uma nova maneira de burlar os sistemas de censura.
Os milhares de funcionários chineses que zelam pelo sistema de censura fariam mais pela eficiência do país se ficassem menos preocupados em perseguir URIs, URLs, FTPs e HTTPs. Para o nervosismo da “nomenklatura” (e satisfação de todos os que desejam um mundo em que o conhecimento possa fluir livremente, a começar pelos cientistas e pesquisadores chineses), uma sucessão infindável de geeks, hackers, nerds, dorks e dweebs, com seus correlatos em chinês, descobre a cada dia uma nova maneira de burlar os sistemas de censura.
(ARBIX, Glauco. Valor Econômico. 24.02.2010, p.A17. Adaptado)
De acordo com as informações contidas no texto,
pode-se afirmar que a China tem se mostrado
antidemocrática porque