Pizza por drone
Não ria, mas a entrega de pizzas nas noites de sexta e
sábado é um problema para as grandes cidades. Em nome
do conforto das famílias, os motoboys das pizzarias tomam
as ruas com a preciosa carga, infernizam o trânsito, comprometem o ambiente com seus canos de descarga e neurotizam os motoristas fazendo bibibi. Sei bem que, diante do prazer que as pizzas proporcionam, seus consumidores fazem
vista grossa a isso e ao despropósito de se comprometer um
veículo de 200 kg para transportar um pacote de 2 kg. Mas a tecnologia se preocupa. Agora, graças à Amazon e
ao Google, são os satélites que trazem uma solução nova: a
entrega por drone. Pede-se a pizza pelo celular; ela é acomodada num drone equipado com GPS e, em poucos minutos,
chega, fofa e quentinha, à porta do prédio ou casa do cliente.
Pode-se recolhê-la já de guardanapo ao pescoço. Não congestiona as ruas, não polui, não faz barulho e deixa um perfume de orégano no ar.
Mas há alguns inconvenientes. As autoridades não gostam que os drones voem à noite. A fiação aérea nas cidades
não é favorável a objetos que voam baixo. E há ainda o risco
de colisão com corujas e morcegos.
Mas, pelo menos, 59 anos depois do Sputnik, ficamos sabendo para que se inventou o satélite. Para acabar em pizza.
(Ruy Castro, Pizza por drone. Folha de S.Paulo, 31.08.2016. Adaptado)
Na elaboração de seu discurso, o autor recorre a diferentes registros linguísticos. Entre eles, identifica-se a variedade linguística coloquial em: