A situação política no país agravava-se à medida que o governo Jango perdia apoio político e que os dois polos da nossa política radicalizavam-se. Entre os eventos que demonstravam o enfraquecimento do governo, destacam-se a rebelião dos sargentos em setembro de 1963 e a derrota da proposta do governo de impor Estado de Sítio no país em outubro de 1963.
O enfraquecimento das bases de apoio a Jango levou-o a reforçar seu compromisso com o reformismo e com as esquerdas. No comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964, Jango discursou a favor das Reformas de Base e assumiu o compromisso de realizá-las a todo custo. Esse posicionamento foi enxergado como a guinada definitiva do governo à esquerda.
A resposta conservadora veio de forma imediata por meio da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que aconteceu em São Paulo e mobilizou milhares de pessoas. O golpe em si foi iniciado em 31 de março de 1964 com uma rebelião liderada por Olímpio Mourão Filho, que liderava a 4ª Região Militar em Juiz de Fora.
As tropas de Olímpio Mourão marcharam em direção ao Rio de Janeiro com o objetivo de destituir o governo. A rebelião de Olímpio não fazia parte dos preparativos organizados por Humberto Castello Branco e pelo Ipes – ambos foram pegos desprevenidos. De toda forma, esses dias do golpe também ficaram marcados pela inércia de Jango.
Os acontecimentos dos dias seguintes levaram o presidente do Senado a convocar uma reunião extraordinária no dia 2 de abril de 1964. Nessa reunião, Auro de Moura decretou vaga à presidência do país, fato que consolidou, politicamente, o golpe no país. Além de Auro de Moura, o Golpe Militar contou com o apoio de nomes como Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Ademar de Barros, etc.
Ranieri Mazzilli assumiu a presidência de maneira provisória. Enquanto isso, a Junta Militar que se formou começou a organizar as bases para o início da ditadura no país. Em 9 de abril de 1964, foi emitido o Ato Institucional nº 1. Dois dias depois, Humberto Castello Branco foi eleito indiretamente presidente do país.
O AI-1 afirmava o seguinte a respeito daqueles que haviam realizado o golpe e tomado o poder no país:
A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma. Ela destitui o governo anterior e tem a capacidade de constituir o novo governo1.
Iniciava-se, assim, a Ditadura Militar, que se estendeu por 21 anos, encerrando-se somente em 1985.