- ID
- 3806800
- Banca
- IF SUL - MG
- Órgão
- IF Sul - MG
- Ano
- 2018
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
As questão se refere ao texto II
Texto II
Leia o trecho da entrevista ao Le Diplomatique, concedida pelo rapper brasileiro Emicida,
quando questionado sobre o seu papel como artista:
EMICIDA - Talvez minha cruz seja a liberdade. Tenho um bagulho selvagem. Livre e selvagem, e não
estou contando com a compreensão dos outros. No momento que precisávamos romper com a
tradição, rompemos, sem medo de ser feliz ou triste.
[...]
Não chamo a liberdade de cruz por ser ruim, mas a atmosfera do nosso país faz com que a liberdade
seja uma parada amaldiçoada quando um preto é livre. Quando você é preto, precisa cumprir com
alguns requisitos básicos para ser interpretado como ser humano. As pessoas têm um estereótipo, e
se você quebra isso, elas se julgam no direito de colocar o dedo na sua cara.
[...]
A vida inteira estamos cantando sobre ascensão, quebrar as barreiras e mostrar como a vitória também
pode ser possível. Corta para 2017. Um bando de cabaço do MBL (Movimento Brasil Livre) pega uma foto
minha em um evento de gala e coloca: “usa um terno de R$ 15 mil e isso é uma grande contradição no
discurso dele”. No imaginário dessas e de várias pessoas que corroboram com essa palhaçada, o lugar
do preto está definido. Eles nunca se incomodam ao ver um preto na calçada, jogado no lixo, andando
pelado, louco na rua ou amontoado em cadeia. Mas quando vê um preto ganhando troféu de “Homem
do ano”, com um terno foda, nesse momento consigo ler claramente que a liberdade ofende. Quando
damos um passo rumo ao SP Fashion Week, com pretos em toda cadeia de produção, da costureira
da Vila Brasilândia a modelo que desfilou, move toda estrutura, e no momento que colocamos esses
pretos vivos na capa de todos os jornais do Brasil, as pessoas falam que estamos cobrando caro nas
roupas da Laboratório Fantasma… É gente que não faz a menor ideia do que é a nossa história, do que
nós falamos, da cadeia que movemos. Na cabeça delas, nosso destino é ser miserável. Não temos o
direito de cobrar o que achamos que nosso trabalho vale. Mas aí eu me apego à minha liberdade. Eu
quero é que se foda.
Disponível em: https://diplomatique.org.br/me-preocupa-o-fato-de-a-poesia-precisar-ser-obvia-pra-caralho-emicida/
De acordo com a entrevista, são exemplos da quebra de paradigma que envolve o negro na
sociedade brasileira, EXCETO: