SóProvas


ID
3824497
Banca
INEP
Órgão
ENEM
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Prezada senhorita,
   Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo útil para os deveres conjugais.
   Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar.
   Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador,
    Sabugosa de Castro

CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu Bergatim não atravessou o Rubicon. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.

A exploração da variação linguística é um elemento que pode provocar situações cômicas. Nesse texto, o tom de humor decorre da incompatibilidade entre

Alternativas
Comentários
  • as formas de linguagem V. S. e  Exmo. Sr. são usadas para se referir a geralmente, profissionais como juízes, promotores, etc. Essas formas de tratamento são utilizadas até hoje, e não são expressões "antigas", como se afirma a letra C. Papéis sociais tem sua definição como função de um determinado indivíduo naquela sociedade. O remetente não é nenhum funcionário que se chame de excelentíssimo, e pelo texto não dá pra inferir que sua noiva também seja. Ele é contador e noivo, ela é a noiva. Seria estranho ele chamar ela de V.S...

  • Perfeita colocação Fabiana, para quem não é assinante gabarito é a letra B

  • a) o objetivo de informar e a escolha do gênero textual. = Falso. O gênero textual é carta e esta pode sim ter o objetivo de informar alguém sobre algo. Portanto, a incompatibilidade não ocorre entre o objetivo de informar a noiva através de uma carta.

    b) a linguagem empregada e os papéis sociais dos interlocutores. = Verdadeiro. O noivo utilizou de uma linguagem que seria apropriada para dirigir-se a um juiz através de um documento oficial para quebrar o noivado com sua noiva. Imagine que você é a noiva, não seria no mínimo estranho ler essa carta? Portanto, há incompatibilidade entre a linguagem empregada e os papéis sociais dos interlocutores.

    c) o emprego de expressões antigas e a temática desenvolvida no texto. = Falso. Percebe-se que a carta foi escrita há muitos anos ("me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932"), logo, o emprego de expressões hoje consideradas antigas ainda era comum. Portanto, o humor não está na linguagem desenvolvida no texto, mas sim no fato dela ser dirigida para a noiva do remetente.

    d) as formas de tratamento utilizadas e as exigências estruturais da carta. = Falso. A carta é um gênero textual sem muitas exigências estruturais, ou seja, nela pode ser empregado qualquer tipo de linguagem. Por isso, não há incompatibilidade entre as formas de tratamento utilizadas e as exigências estruturais da carta.

    e) o rigor quanto aos aspectos formais do texto e a profissão do remetente. = Falso. Ele poderia muito bem estar se dirigindo a um juiz com essa linguagem se o tema da carta fosse outro, ou seja, o fato de o remetente ser contador (ou mesmo se ele fosse, sei lá, pedreiro) não tem nada a ver.

  • vlw