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Questão ótima para testar a interpretação e causar reflexão a partir da metáfora presente no texto.
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''Só o é para quem a recebe ou dela se beneficia, e melhor para ele; mas só é uma virtude em quem a pratica ou a faz''
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lei pode ordenar essa informação ou ignorar o problema, conforme os casos; mas a justiça sempre manda fazê-lo.
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Você vende uma casa, depois de ter morado nela durante anos; você a conhece necessariamente melhor do que qualquer comprador possível. Mas a justiça é, então, informar o eventual comprador acerca de qualquer defeito, aparente ou não, que possa existir nela, e mesmo, embora a lei não obrigue a tanto, acerca de algum problema com a vizinhança.
O autor diz que, no negócio imobiliário (que ele está usando como metáfora), o justo é avisar o comprador sobre absolutamente qualquer problema que possa existir com o imóvel, mesmo aqueles problemas que a lei não obriga avisar (como vizinhos problemáticos).
E, sem dúvida, nem todos nós fazemos isso, nem sempre, nem completamente. Mas quem não vê que seria justo fazê-lo e que somos injustos não o fazendo?
O autor afirma que, de fato, são poucos que são justos assim, mas a noção geral é de que de fato essa seria a coisa justa a se fazer e seria injusto não fazer (mesmo que a lei não obrigue).
A lei pode ordenar essa informação ou ignorar o problema, conforme os casos; mas a justiça sempre manda fazê-lo.
Aqui ele deixa bem claro que, para ele, a lei nem sempre vai abranger todas as situações em que deve haver justiça, mas o senso comum do que é justo e do que é injusto vai.
Dir-se-á que seria difícil, com tais exigências, ou pouco vantajoso, vender casas... Pode ser. Mas onde se viu a justiça ser fácil ou vantajosa? Só o é para quem a recebe ou dela se beneficia, e melhor para ele; mas só é uma virtude em quem a pratica ou a faz.
Algumas pessoas afirmarão que ser 100% justo na venda de casas torna o negócio pouco vantajoso (pois muita gente desistirá da compra ao saber sobre absolutamente todos os "podres" do imóvel). No entanto, o autor contra argumenta que a justiça, de fato, não é fácil e nem vantajosa para aqueles que não recebem nada dela ou dela se beneficiam, mas é uma virtude de quem a pratica ou faz.
Devemos então renunciar nosso próprio interesse? Claro que não. Mas devemos submetê-lo à justiça, e não o contrário. Senão? Senão, contente-se com ser rico e não tente ainda por cima ser justo.
Ele diz que não devemos renunciar nossos próprios interesses, mas sim subordiná-los à justiça, pois esta é que deve sempre prevalecer. Se você conseguir ser justo e rico, ótimo, se não, prefira ser apenas justo, pois o bem comum é o que mais importa.
Gabarito: No processo de convencimento do leitor, o autor desse texto defende a ideia de que a prática da justiça pressupõe o bem comum, ou seja, para que haja bem comum a justiça precisa ser posta em prática.
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Resolução:
a) o interesse do outro deve se sobrepor ao interesse pessoal.
Na verdade, o autor deixa claro que não é preciso renunciar ao interesse pessoal, mas sim submetê-lo à justiça: "devemos então renunciar nosso próprio interesse? Claro que não. Mas devemos submetê-lo à justiça, e não o contrário.
b) a atividade comercial lucrativa é incompatível com a justiça.
Em nenhum momento o autor afirma isso; ele argumenta que a justiça deve guiar a prática de venda de uma casa.
c) a criação de leis se pauta por princípios de justiça.
O autor não afirma isso, ele só dá uma pincelada no tema dizendo que a "lei pode ordenar essa informação ou ignorar o problema, conforme os casos".
d) o impulso para a justiça é inerente ao homem.
Se o próprio autor está comentando sobre a necessidade de se ser justo, então obviamente a justiça não é inerente ao homem.
e) a prática da justiça pressupõe o bem comum.
A assertiva sintetiza perfeitamente a mensagem que o autor quer passar ao público.
[...] "Mas a justiça é, então, informar o eventual comprador acerca de qualquer defeito, aparente ou não, que possa existir nela, e mesmo, embora a lei não obrigue a tanto, acerca de algum problema com a vizinhança. E, sem dúvida, nem todos nós fazemos isso, nem sempre, nem completamente. Mas quem não vê que seria justo fazê-lo e que somos injustos não o fazendo? A lei pode ordenar essa informação ou ignorar o problema, conforme os casos; mas a justiça sempre manda fazê-lo." [...]
Perceba que ele pontua que, embora a lei não obrigue que se passe determinadas informações, o ideal seria passá-las ao comprador porque essas informações podem ser tão importantes quanto os aspectos da residência. Do que adiantaria viver numa casa linda, mas morar numa vizinhança problemática?
Além disso, os textos do ENEM sempre têm um "quê" de conscientização social, consequentemente a alternativa mais lógica é a E), que toca na preocupação com o bem comum — a construção de uma sociedade melhor através do comportamento individual.
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Li e reli o texto várias vezes e todos os comentários dos colegas até a data de hoje (31/10/2020). Na minha humilde opinião a alternativa E tangencia o comando do enunciado "o autor desse texto defende a ideia de que".
Não há no texto argumento algum, ainda que implícito, explorado pelo autor para defender a ideia de "bem comum" como pressuposto da justiça.
Infelizmente, tal pressuposto encontra-se justificado no conceito do que é justo ou injusto. O autor apenas se utiliza da metáfora para dar conotação à ideia de justiça. O que o autor defende veemente é a necessidade de submeter os interesses à justiça. Este ponto, portanto, que é crucial, mas necessário se faz INFERIR que esta submissão representa a essência do "bem comum", pois todos os interesses subordinados ao justo conduzem ao bem comum.
Sinceramente,tive que forçar bastante na inferência, mais do que na argumentação do autor, em sua tese de defesa metafórica, para marcar a alternativa E como resposta ao comando "o autor desse texto defende a ideia de que".
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Ao meu ver, Full Time on QC, o autor do texto remete uma ideia de que devemos, para o obter o bem comum, submeter a justiça. O que faz sentido, ao ler a parte: 'Claro que não. Mas devemos submetê-lo à justiça, e não o contrário.'