As montanhas correm agora, lá fora, umas atrás das
outras, hostis e espectrais, desertas de vontades novas
que as humanizem, esquecidas já dos antigos homens
lendários que as povoaram e dominaram.
Carregam nos seus dorsos poderosos as pequenas
cidades decadentes, como uma doença aviltante e
tenaz, que se aninhou para sempre em suas dobras.
Não podendo matá-las de todo ou arrancá-las de si
e vencer, elas resignam-se e as ocultam com sua
vegetação escura e densa, que lhes serve de coberta, e
resguardam o seu sonho imperial de ferro e ouro.
PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Artium, 2001.
As soluções de linguagem encontradas pelo narrador
projetam uma perspectiva lírica da paisagem
contemplada. Essa projeção alinha-se ao poético na
medida em que