Levanta-se e percorre os quartos vazios, sem camas,
sem nada. Entra na cozinha e acende o fogo. Pensa em
fazer um café. Desiste. Joga água nos tições, apaga o fogo.
Já que ia embora, para que café, para que fogo aceso? Sai
até o avarandado. A barra do dia está nascendo, da cor do
ouro. Carregaria estas manhãs para sempre, levaria nos olhos
e na alma o raiar destes dias, as promessas da vida nova,
deixando sempre um velho dia para trás. Desce até o riacho.
Tira a roupa. O corpo nu se reflete na água limpa, esverdeada,
à sombra do capim-angolinha, capim de beira de rio.
TORRES, Antônio. Essa Terra. 21 ed. São Paulo: Record, 2005. p. 71.
A personagem em foco