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ID
3854836
Banca
IBGP
Órgão
Câmara de Perdizes - MG
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A Paz e a Lei

A paz!! Não a vejo. Não há, como não pode existir, senão uma, é a que assenta na lei, na punição dos crimes, na responsabilidade dos culpados, na guarda rigorosa das instituições livres. Outra espécie de paz, não é senão a paz da servidão, a paz indigna e aviltante dos países oprimidos, a paz abjeta que a nossa índole e o nosso regímen essencialmente repelem, a paz que humilha todos os homens honestos, a paz que nenhuma criatura humana pode tolerar sem abaixar a cabeça envergonhada.

Esta não é a paz que eu desejo. Quando peço a observância da lei, é justamente porque a lei é o abrigo da tolerância e da bondade. Não há outra bondade real, Srs. Senadores, senão aquela que consiste na distribuição da justiça, isto é, no bem distribuído aos bons e no castigo dispensado aos maus.

E a tolerância, que vem a ser senão a observância da igualdade legal? Porventura temos sido nós iguais perante a lei, neste regímen, nestes quatro anos de Governo, especialmente? Há algum chefe de partido, há algum cabeça de grupo, algum amigo íntimo da situação, algum parente ou chegado às autoridades, que não reúna em sua pessoa um feixe de regalias, que não goze de prerrogativas especiais, que não tenha em torno de sua individualidade uma guarda e defesa régia ou principesca?

Essa excursão, Srs. Senadores, me levaria longe e poderia por si só absorver os meus poucos minutos de tribuna nesta sessão.

Nas poucas vezes em que me atrevo a perturbar a serenidade absoluta deste recinto e a contrariar os sentimentos dos meus honrados colegas, tenho consciência, Sr. Presidente, de ter-me colocado sempre em um plano, que não se opõe nem à tolerância nem à paz; que é, ao contrário, o terreno onde a paz e a tolerância se devem estabelecer, o único terreno em que nós todos nos poderíamos aproximar e dar-nos as mãos, o terreno da reconciliação com a lei, com a República, com as suas instituições constantemente postergadas, debaixo da política sem escrúpulos da atualidade.

Fonte: Rui Barbosa. Discurso no Senado Federal, em 13 de outubro de 1914. In: Antologia. Rio de Janeiro, Ediouro, s.d., p. 58-59 – com adaptações. 

Segundo Costa (2008), gêneros discursivos e textuais são marcados pelas especificidades de cada esfera comunicativa e pela interação determinada, e regulados pela organização enunciativa da situação de produção.


Fonte: COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.


Nesse sentido, o texto de Rui Barbosa, quanto ao gênero, CLASSIFICA-SE como:

Alternativas
Comentários
  • Sermão é religioso apenas.

  • B) oratoria

  • Fonte: Rui Barbosa. Discurso no Senado Federal, em 13 de outubro de 1914. In: Antologia. Rio de Janeiro, Ediouro, s.d., p. 58-59 – com adaptações.

  • SERMÃO

    substantivo masculino

    1. Discurso sobre um tema religioso proferido pelo sacerdote, geralmente durante a missa; pregação, prédica.r

    ORATÓRIA

    Oratória é a arte de falar em público de forma estruturada e deliberada, com a intenção de informar, influenciar, ou entreter os ouvintes

    EDITORIAL

    Um editorial é um artigo que apresenta a opinião de um grupo sobre determinada questão; por causa disso, ele normalmente não é assinado.

    RELATO HISTÓRICO

    O gênero relato histórico tem a finalidade de documentar as ações humanas ao longo do tempo para preservar a memória coletiva dos eventos. Os fatos narrados são reais e envolvem sujeitos, fatos e tempos históricos. O autor de um relato histórico não se limita a narrar uma história, principalmente quando ele é um historiador, ele busca fontes, reúne e analisa documentos e utiliza critérios para verificar a veracidade do que está relatando.

    Fontes:

    1. Wikipedia
    2. https://www.colegiogeracao.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Literatura-Relato-Hist%C3%B3rico.pdf
    3. https://www.dicio.com.br/sermao/