- ID
- 3907177
- Banca
- Itame
- Órgão
- Prefeitura de Senador Canedo - GO
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
PERDIDOS NO ESPAÇO
Quando foi deflagrada, há mais de cinco
décadas, a corrida espacial parecia anunciar o
começo de uma nova era.
Ao colocar o primeiro satélite em órbita
(1957) e repetir o feito com uma nave tripulada
(1961), a então União Soviética não apenas levava a
competição mundial entre dois modelos -
capitalismo e socialismo- a uma nova fronteira
simbólica. Imaginava-se, nos dois lados do grande
confronto, que o futuro estava no espaço, como
estivera antes na exploração dos oceanos e na
navegação aérea.
Assim desafiados, os Estados Unidos
mobilizaram recursos necessários para liderar a
competição e enviar, a partir de 1969, sucessivos
pares de astronautas à Lua. Passados tantos anos, o
encerramento do programa de ônibus espaciais,
com a conclusão do voo orbital da Atlantis ontem,
sugere um balanço do ciclo pioneiro.
É notório que as expectativas, infladas pela
excitação ideológica da Guerra Fria, não se
confirmaram. O próprio investimento nos
programas espaciais já declinava desde que a
dissolução do império soviético fez os gastos
parecerem exorbitantes como nunca.
Americanos e russos, entretanto, enviaram
missões não tripuladas a todos os planetas do
Sistema Solar. Embora exista água líquida (e talvez
formas rudimentares de vida) num satélite de
Júpiter (Europa) e noutro de Saturno (Encélado),
essas viagens nada revelaram de promissor do
ângulo prático.
A utilização econômica do espaço remoto,
para não dizer sua ocupação demográfica, continua
mera fantasia. As distâncias são incomensuráveis;
os custos, astronômicos.
Onde a competição espacial gerou
resultados palpáveis, tecnológicos e econômicos,
foi na dimensão menos espetacular das vizinhanças
do planeta, a faixa de 36 mil quilômetros em que
trafegam milhares de satélites artificiais.
Essa rede, que viabilizou o enorme
progresso das telecomunicações nestas décadas,
também deu impulso a avanços em áreas como
meteorologia e eletrônica. Torna-se um problema
conforme se acumulam objetos cuja órbita um dia
decairá até que se desfaçam em atrito com a
atmosfera, nem sempre de forma segura.
A exploração do espaço continuará porque
o desejo de conhecer é inextinguível. Seu
desenrolar, porém, será mais lento e realista. Nossa
condição parece ser solitária (há décadas varremos
os céus na busca de sinais que possamos interpretar
como inteligentes...); não falta razão para nos
voltarmos mais para a Terra e seus graves
problemas do que para “os abismos do espaço
infinito”.
O texto não apresenta autoria, se organiza como
um discurso de argumentação bastante persuasivo,
porque busca fazer com que o leitor aceite a
proposição/tese defendida. Esse é o gênero: