SóProvas


ID
3910738
Banca
Prefeitura de Garuva- SC
Órgão
Prefeitura de Garuva - SC
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto e responda a questão abaixo.


UM DIA SEM RECLAMAR - Renata Nunes


    Ela mal chega e já avisa que está indo embora, trata-se apenas de “uma passadinha”. Tem sempre muita coisa para fazer no dia seguinte. Está exausta, fruto de um problema ou de outro. O tempo é sempre curto. Aliás, curtíssimo para que consiga se organizar. No entanto, perde grande parte dos seus dias envolvida com as próprias reclamações. O blá-blá-bla – às vezes até muito bem fundamentado – rouba a energia e leva a um inevitável sofrimento.

    Já ele se afunda nas banalidades e se prende a elas como se fossem as coisas mais importantes de sua vida. Um problema pequeno parece sempre um bicho-papão. Uma fechada no trânsito ganha proporções inimagináveis. A fila do supermercado é o assunto da mesa durante o jantar, mesmo que ninguém esteja muito interessado em ouvir. A raiva alimenta as reclamações, que parecem cíclicas. O trabalho, por exemplo, nunca está bom. Há sempre um colega querendo puxar o seu tapete. E, se muda de emprego, em pouco tempo, lá está ele reclamando de novo. Nada parece estar bem.

    Para ela, os filhos, que deveriam ser motivos do mais puro amor, só dão trabalho. Já sei de cor e salteado o texto que ela irá repetir: a bagunça na casa, as más respostas, o videogame do menino, as roupas curtas da garota. Ah, e as notas! Estas, sim, lhe roubam o sono. As queixas são diárias e praticamente inevitáveis.

    A mulher reclama do marido, e o marido, da mulher. Ele não escuta, não faz o que ela pede, bebe demais. Ela só fala, vive pedindo as coisas, não bebe. E assim vão vivendo, enfiados em reclamações e, muitas vezes, sem perceber quantas coisas boas deixam de enxergar um no outro, nas pessoas que os cercam, na cidade onde vivem ou no próprio lar. A vida é tão curta, e passamos grande parte dela produzindo queixas e mais queixas.

    Atire a primeira pedra quem não reclama. E, convenhamos, é muito difícil ver o mundo com um olhar apenas de gratidão. Existem, é claro, formas distintas de mostrar as insatisfações. Pode ser uma simples objeção, uma crítica mais embasada, um mantra de lamúrias e até uma lástima profunda. Às vezes, falando dos nossos próprios problemas, parecemos suplicar por outras vidas, que sempre nos parecem melhores.

    Foi de tanto reclamar que parei para pensar no assunto, e a reflexão é sempre “boa amiga”. Quando repetimos menos os problemas, apontamos menos as falhas, eles parecem, de alguma forma, mais leves, mais fáceis de serem superados. Queixar-se é uma espécie de vício, quanto mais entramos, mais somos tomados por ele. O contraponto está no olhar para si mesmo.

    Já experimentou ficar um dia inteiro sem reclamar? Foi numa tentativa dessas que me dei conta realmente de como os reclamões são chatos. E me incluo entre eles. Invadimos a vida do outro como seres especiais. Como se apenas nós tivéssemos problemas ou como se o mundo girasse em torno do nosso umbigo. Não gira! Veja como anda sua autoestima, se reclama por insegurança ou se te falta força para enfrentar aquilo que não anda bem. Bons pensamentos e menos blá-blá-blá podem mudar seu ambiente de trabalho, a convivência com a família e com os amigos. Não custa tentar.

Há interlocução, EXCETO em:

Alternativas
Comentários
  • ✅ Gabarito: B

    ✓ A interlocução é uma conversa trocada entre duas ou mais pessoas; um diálogo.

     a) “E, convenhamos, é muito difícil ver o mundo com um olhar apenas de gratidão.” → Uso do verbo -convir na 1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo; marca uma referência a outrem (interlocução).
     b) “Foi de tanto reclamar que parei para pensar no assunto, e a reflexão é sempre ‘boa amiga’.” → SEM MARCAS DE INTERLOCUÇÃO. 
     c) “Já experimentou ficar um dia inteiro sem reclamar?” → Uso do verbo -experimentar na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo; marca, juntamente com o ponto de interrogação, uma pergunta a outrem (interlocução).
     d) “Veja como anda sua autoestima, se reclama por insegurança ou se te falta força para enfrentar aquilo que não anda bem.” → Uso do pronome possessivo "sua" denuncia que o autor está se referindo a outrem (interlocução).

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • GABARITO LETRA B

    INTERLOCUÇÃO: Conversação entre duas ou mais pessoas; diálogo.

    Há interlocução, EXCETO em:

    a)“E, convenhamos, é muito difícil ver o mundo com um olhar apenas de gratidão.” CERTO.

    AQUI TEMOS A VOZ DO NARRADOR FALANDO COM TODOS INCLUINDO ELE, LOGO TEMOS MAIS DE DUAS PESSOAS, OU SEJA VOCÊ QUE LÊ O TEXTO E O NARRADOR QUE SE INCLUI NO TEXTO.

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    b)“Foi de tanto reclamar que parei para pensar no assunto, e a reflexão é sempre ‘boa amiga’.” GABARITO.

    AQUI É APENAS A OPINIÃO DO NARRADOR SEM DIRIGIR A PALAVRA A TERCEIRO NO CASO"VOCÊ" LEITOR.

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    c)“Já experimentou ficar um dia inteiro sem reclamar?” CERTO

    AQUI O NARRADOR ESTÁ FALANDO COM "VOCÊ" LEITOR, LOGO HÁ INTERLOCUÇÃO.

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    d)“Veja como anda sua autoestima, se reclama por insegurança ou se te falta força para enfrentar aquilo que não anda bem.”CERTO

    VIDE O COMENTÁRIO DA ALTERNATIVA LETRA C.