- ID
- 3959812
- Banca
- Itame
- Órgão
- Prefeitura de Edéia - GO
- Ano
- 2020
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Desigualdade inaceitável
Carlos José Marques
Não é apenas um problema econômico. Mas
social e político, por que não? Como o Brasil pôde
cair tão baixo no Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), ocupando a vergonhosa
septuagésima nona colocação e, o que é pior, com
índice de desigualdade semelhante ao do Catar, onde
existem os marajás e grandes magnatas do petróleo.
O Brasil se mostra como uma aberração inexplicável.
Detém a assombrosa condição de segunda maior
concentração de renda do mundo.
O lugar onde esbanjamento contrasta com
miséria a cada rua, lado a lado.
O que é isso? Com 1% da população detendo mais de
50% do PIB não há mesmo como enxergar justiça por
aqui. A predominante parcela do povo vive com
menos de um salário mínimo ao mês. Deveriam todos
os patriotas, nacionalistas, homens da produção e da
riqueza, os detentores do poder se incomodar com
isso. Não é aceitável.
Não dá para conceber. As desigualdades,
lamentavelmente, se acirraram nos últimos tempos
com diferenças gritantes também no campo da saúde,
da ciência e tecnologia, do acesso a serviços básicos
de transporte, saneamento etc. Em um país onde 13,5
milhões de famílias (que multiplicadas por cinco
membros dariam quase 70 milhões de pessoas)
dependem do Bolsa Família e quatro milhões de
jovens não conseguem trabalho, mesmo formados em
universidades, não há como se ter um IDH decente.
Em um par de décadas, o Brasil avançou um
milésimo no índice mundial da ONU que avalia a
saúde, educação e renda dos povos. Vizinhos como
Argentina e Uruguai figuram em melhores posições.
Bem como o Sri Lanka. A classificação brasileira é
típica de nação terceiro-mundista, subnutrida e
controlada por uma patota da Casa Grande sem
qualquer concessão aos subjugados. Não se pensa
nisso.
A preocupação com o próximo e a
solidariedade não se firmam como pilares
fundamentais do desenvolvimento. A estagnação nos
indicadores educacionais é desanimadora. A
expectativa de tempo de permanência na escola, por
exemplo, está no mesmo patamar de 15,4 anos desde
2016 e a média efetiva de anos de estudos segue em
7,8 anos, igual condição verificada em 2017. Qual
país do mundo progride, cresce e se desenvolve sem
educação? Nenhum. No IDH ajustado pela
desigualdade, o Brasil caiu 23 posições. Os alarmantes índices deveriam acender um sinal
vermelho e despertar a reação das autoridades. Difícil
acreditar que isso vá acontecer.
As necessidades básicas de muitas pessoas
continuam não sendo atendidas e é possível prever
que assim as futuras gerações deverão viver um
abismo ainda maior de desigualdade por aqui. Duro e
triste cenário que só mudará por meio da indignação
de todos.
(Matéria da revista Isto É/Dinheiro de 13/12/2019)
Quanto ao gênero do discurso, esse texto é um/uma