O processo de reestruturação produtiva do capital, desencadeado como resposta à crise capitalista internacional dos anos de 1970 e 1980 (cf. MANDEL, 1990), é um movimento que visa à recriação das bases de valorização e dominação ideológica do capital. Supõe o desenvolvimento de estratégias que reordenam as forças produtivas e atualizam as práticas organizativas das classes. No contexto nacional, esse processo implica profundas alterações no “mundo do rabalho” e expressa uma série de transformações que afetam diretamente o conjunto da vida social, mediadas pela inserção subalterna do Brasil no sistema capitalista mundial e pelas particularidades de sua formação econômica, política e social.
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Sendo assim, nessa estrutura reestruturadora, é possível constatar um conjunto de iniciativas do capital que mobiliza novas formas de:
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b) controle da força de trabalho – as empresas sofisticam os mecanismos de adequação do comportamento produtivo aos novos métodos de produção, buscando obter a adesão do trabalhador às metas de qualidade e produtividade. A natureza da relação salarial se afasta do processo de negociação coletiva e se concretiza na estratégia de individualização dos salários e na negociação direta empresa‐trabalhador, sitiando os sindicatos e esvaziando o conteúdo político das reivindicações dos trabalhadores. São formulados critérios meritocráticos de julgamento no sistema de avaliação de desempenho e, sob a pretensa horizontalização das relações de trabalho, são implementados programas participativos com base na Gestão da Qualidade Total. Tais estratégias, por sua vez, se associam aos incentivos, que passam a compor o sistema de remuneração, e à ascensão funcional, condicionando‐os à geração de resultados.
Fonte: http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/G2cm832r29W2oX2IHY6P.pdf