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ID
3989536
Banca
FAFIPA
Órgão
Câmara de Almirante Tamandaré - PR
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para a questão


O AÇÚCAR

Ferreira Gullar


O branco açúcar que adoçará meu café

nesta manhã de Ipanema

não foi produzido por mim

nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro

e afável ao paladar

como beijo de moça, água

na pele, flor

que se dissolve na boca. Mas este açúcar

não foi feito por mim.


Este açúcar veio

da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,

dono da mercearia.

Este açúcar veio

de uma usina de açúcar em Pernambuco

ou no Estado do Rio

e tampouco o fez o dono da usina.


Este açúcar era cana

e veio dos canaviais extensos

que não nascem por acaso

no regaço do vale.


Em lugares distantes, onde não há hospital

nem escola,

homens que não sabem ler e morrem de fome

aos 27 anos

plantaram e colheram a cana

que viraria açúcar.


Em usinas escuras,

homens de vida amarga

e dura

produziram este açúcar

branco e puro

com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. 

A última estrofe do poema estabelece relações entre o açúcar, as usinas e os homens que nelas trabalham. Assinale a alternativa que contém a figura de linguagem predominante nessa estrofe:

Alternativas
Comentários
  • "homens de vida amarga"

    "com que adoço meu café esta manhã em Ipanema". 

    Temos antítese evidenciada pelas palavras "amarga" e "adoço".

    Gabarito letra D!

  • Em palavras breves, as figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados com objetivo de gerar efeitos no discurso. Dentro do extenso grupo em que se arrolam esses recursos, existem quatro subdivisões: figura de palavra, figura de construção, figura de sintaxe e figura de som.

    Leiamos a última estrofe do poema:

    "Em usinas escuras,

    homens de vida amarga

    e dura

    produziram este açúcar

    branco e puro

    com que adoço meu café esta manhã em Ipanema."

    Observe atentamente que os pares "escuras e branco" e "amarga e adoço" apresentam palavras que se opõem entre si, característica inerente à antítese.

    a) Metáfora.

    Incorreto. É recurso expressivo demasiadamente portentoso e, do ponto de vista puramente formal, consiste na transferência de um termo para uma esfera de significação que não é sua, normalmente em virtude de uma comparação implícita, ou seja, que não apresenta elementos comparativos do tipo "como", "qual", "tal como", "tal qual". Exs.:

    “Incêndio — leão ruivo, ensanguentado.” (Castro Alves)

    “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)

    Todavia, nem sempre está implícita essa comparação, como se veem nos exemplos a seguir extraídos de Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara: “sol da liberdade”, “vale de lágrimas”, “negros pressentimentos”, “não ponha a carroça diante dos bois”.

    b) Comparação.

    Incorreto. Semelhante à metáfora, esta figura de linguagem estabelece comparação entre elementos. Usualmente apresentará conectivos para este fim, a exemplo de “como”, “tal como”, “qual”, etc. Exs.:

    “Por ali ficou feito gato sem dono.” (Monteiro Lobato)

    “Meu coração tombou na vida/tal qual uma estrela ferida/pela flecha de um caçador.” (Cecília Meireles)

    “A sombra das roças é macia e doce, é como uma carícia.” (Jorge Amado)

    “Vêm a granel como carga incômoda...” (Monteiro Lobato)

    c) Elipse.

    Incorreto. É a omissão de termos que facilmente se podem identificar. Exs.:

    “Na rua deserta, nenhum sinal de bonde.” (Clarice Lispector)

    “Apesar de moça, vinte e sete apenas, Mariana aparentava o dobro.” (Monteiro Lobato)

     Respectivamente, ocultaram-se os verbos “haver” (na forma negativa, “não haver”) e “ter”.

    d) Antítese.

    Correto É a contraposição de uma palavra ou frase a outra de significação oposta. Exs.:

    “Amigos e inimigos estão, amiúde, em posições trocadas.” (Rui Barbosa)

    “A vida e a morte combatiam surdas/No silêncio e nas trevas do sepulcro.” (Fagundes Varela)

    Letra D