O rio Lombe brilhava na vegetação densa. Vinte vezes o tinham atravessado. Teoria, o professor, tinha escorregado numa pedra e esfolara profundamente o joelho. O Comandante disse a Teoria para voltar à Base, acompanhado de um guerrilheiro. O professor, fazendo uma careta, respondera:
- Somos dezesseis. Ficaremos quatorze.
Matemática simples que resolvera a questão: era difícil conseguir-se um efetivo suficiente. De mau grado, o Comandante deu ordem de avançar. Vinha por vezes juntar-se a Teoria, que caminhava em penúltima posição, para saber como se sentia. O professor escondia o sofrimento. E sorria sem ânimo.
À hora de acampar, alguns combatentes foram procurar lenha seca, enquanto o Comando se reunia. PanguAkitina, o enfermeiro, aplicou um penso no ferimento do professor. O joelho estava muito inchado e só com grande esforço ele podia avançar.
Aos grupos de quatro, prepararam o jantar: arroz com corned-beef. Terminaram a refeição às seis da tarde, quando já o sol desaparecera e a noite cobrira o Mayombe. As árvores enormes, das quais pendiam cipós grossos como cabos, dançavam em sombras com os movimentos das chamas. Só o fumo podia libertar-se do Mayombe e subir, por entre as folhas e as lianas, dispersando-se rapidamente no alto, como água precipitada por cascata estreita que se espalha num lago.
(PEPETELA. Mayombe. Rio de Janeiro: Leya, 2018, p. 13).
Com base no texto, considere verdadeiras (V) ou falsas (F) as proposições que seguem. O fragmento narra
( ) o primeiro comunicado escrito pelo Comando do exército angolano em terras portuguesas.
( ) a condição de encarceramento em que os soldados se encontravam em meio à floresta do Mayombe.
( ) a força imensurável da natureza diante da condição humana, característica que vai estar presente em toda a narrativa.
Marque a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo.