“A monarquia papal era tida como
a forma mais perfeita de governo, dado inspirar-se
em Deus, senhor único do universo, o qual o dispôs
harmonicamente através duma única lei, a divina,
em si mesma eterna e imutável. Tal paradigma devia
igualmente aplicar-se ao corpo eclesiástico, no qual,
desde então, o Pontífice Romano ocupa o primeiro
lugar. (...) a Igreja tinha um programa a cumprir, o
qual sempre transcendeu os seus intérpretes em cada
época histórica (...). Não se tratava de um programa
estrategicamente preparado e depois
progressivamente executado, de acordo com as
circunstâncias e os interesses de momento, por cada
Papa. Tratava-se, antes, de um conjunto de
princípios que, bebidos na autoridade revelada e
conjugados com o direito antigo e a filosofia
neoplatônica, não podiam senão levar a
determinadas consequências, as quais eram
consubstanciadas no dirigismo papal da sociedade
cristã. E isto não aconteceu devido a um processo
intencionalmente pensado e arquitetado, mas à
conjuntura histórico-social da Idade Média, em que
as esferas do espiritual e do secular só muito
dificilmente poderiam ser pensadas como
autônomas”.
Disponível em: SOUZA, José Antônio de C. R.; BARBOSA,
João Morais. O reino de Deus e o reino dos Homens: as
relações entre os podres espiritual e temporal na Baixa Idade
Média (Da Reforma Gregoriana à João Quidort). Porto Alegre:
EDIPUCRS, 1997, p.15-115-116.
Sobre a Baixa Idade Média, identifique a afirmação
incorreta: