Observe o parágrafo abaixo:
“Dia após dia, nestas últimas semanas, o público
vem se admirando com exibições de amor entre
gente que deveria se odiar. Por que estariam aos
abraços, fazendo elogios radicais uns aos outros, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o expresidente Fernando Collor e o atual presidente do
Senado José Sarney? Lula, numa declaração
inesquecível, disse que Sarney era ‘o grande ladrão
da Nova República’; contra Collor, ele e o seu
partido se jogaram numa guerra de extermínio desde
o primeiro dia de seu governo e só sossegaram
quase três anos depois, quando o inimigo foi posto
para fora da presidência. Collor, por sua vez, disse
que Sarney era ‘um batedor de carteira’ – carteira
‘da história’, em suas palavras, o que não é tão ruim
quanto uma carteira de verdade, mas assim mesmo é
coisa pra lá de pesada. Também afirmou, na sua
disputa presidencial contra Lula, que o adversário
iria expropriar as casas e apartamentos das pessoas
se fosse eleito – isso para não falar da humilhação
pública que lhe impôs ao levar para a televisão uma
ex-companheira do atual presidente, que o acusou
de racismo e de pressão para abortar a filha que
acabariam tendo. Sarney se queixa até hoje das 1200
greves, a maioria comandada pelo PT, que teve ao
longo de seu governo, e já descreveu Collor como
‘um homem profundamente transtornado.’”
(GUZZO, J.R. Do mesmo lado. Veja, São Paulo, 19
ago. 2009. Seções, p. 142)
O autor do artigo diz que Collor havia chamado
Sarney de “o batedor de carteira”, mas a “carteira da
história”, o que amenizaria, num certo sentido, o
insulto, mas que não deixaria de ter o seu peso de
desagravo. Por outro lado, poderíamos compreender
esse último aspecto como: