Assinale o que for correto em relação ao fragmento
de Marília de Dirceu e ao seu autor, Tomás Antonio
Gonzaga.
Lira XIV
[...]
Com os anos, Marília, o gosto falta,
E se entorpece o corpo já cansado:
Triste, o velho cordeiro está deitado,
E o leve filho, sempre alegre, salta.
A mesma formosura
É dote que só goza a mocidade:
Rugam-se as faces, o cabelo alveja,
Mal chega a longa idade.
Que havemos de esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde, já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças,
E ao semblante a graça!
Lira XIV
[...]
Com os anos, Marília, o gosto falta,
E se entorpece o corpo já cansado:
Triste, o velho cordeiro está deitado,
E o leve filho, sempre alegre, salta.
A mesma formosura
É dote que só goza a mocidade:
Rugam-se as faces, o cabelo alveja,
Mal chega a longa idade.
Que havemos de esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde, já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças,
E ao semblante a graça!
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São
Paulo: Martin Claret, 2009, p.47-48.)
A leitura do fragmento revela dois momentos na
exposição dos sentimentos do eu poético. No
primeiro, assume um tom mais racional,
equilibrado e expõe, de modo geral, a
passagem do tempo; no segundo, há uma
exposição maior das emoções do eu poético,
observada, principalmente, pelo emprego de
interrogações, pela forma verbal em 1.ª pessoa
do plural (“havemos”) e pelo uso de pronomes
pessoais como “nossa”, em “nossa estrela”, e
“minha”, em “minha Marília”, elementos formais
que apontam para a representação de
sentimentos pessoais.