Em palavras breves, as figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados com objetivo de gerar efeitos no discurso. Dentro do extenso grupo em que se arrolam esses recursos, existem quatro subdivisões: figura de palavra, figura de construção, figura de sintaxe e figura de som.
a) “Se era noivo, se era virgem / Se era alegre, se era bom, / Não sei. / É tarde para saber.”
Incorreto. Consta a anáfora, pois se repete constantemente a estrutura "se era". Essa figura de linguagem caracteriza a repetição de uma palavra ou grupo de palavras no início de duas ou mais frases sucessivas, para enfatizar o termo repetido. Ex.:
"Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia."
(Manuel Bandeira)
b) “Eu canto um canto matinal.”
Correto. Se é cantado algo, necessariamente houve um canto. Na frase, há o emprego de palavras desnecessárias ao sentido, ao qual se dá o nome de pleonasmo. Existem dois tipos: um a que se chama de vicioso, decorrente da ignorância da significação das palavras (p.ex. decapitar a cabeça, tornar a repetir, encarar de frente), e o literário, que é intencional e serve à ênfase, ao vigor da expressão. Exs.:
“Era como se todo o mundo que ele pisara com os pés, que vira com os seus olhos, que pegara com as suas mãos, se perdesse num instante.” (José Lins do Rego)
“Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros (...) no estreito e infecto porão de um navio.” (Maria Firmina dos Reis)
“Contra o parecer do médico assistente deu-se alta a si próprio.” (Monteiro Lobato)
“Talvez ainda um dia me será grata por ter-te impedido de matar-te a ti mesma.” (Bernardo Guimarães)
c) “Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto.”
Incorreto. Consta a repetição sucessiva da conjunção "e". Denomina-se esse fenômeno de polissíndeto, repetição de conectivos coordenativos — normalmente se repetirão as conjunções “e”, “ou” e “nem”. Exs.:
“Do claustro, na paciência e no sossego,/Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!” (Olavo Bilac)
“Em seguida dei de ombros, convencido de que o Geremário tinha razão e tinha razão a boda, e os filhos do cego tinham razão, e todo mundo tem razão.” (Monteiro Lobato)
“Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga)
d) “...sentei-me por acaso ao lado do meu Mecenas...”
Incorreto. Há metáfora, recurso extremamente portentoso que, do ponto de vista meramente formal, consiste numa comparação implícita. Observe que o emissor da mensagem compara o amante a um Mecenas, pessoas ricas que financiavam artistas.
Letra B