SóProvas


ID
4107406
Banca
IDECAN
Órgão
Prefeitura de Manhumirim - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Combate à desigualdade pela raiz

    Cotidianamente, todos nós nos deparamos com o passivo que nosso sistema educacional gera ano a ano. Por mais confortável e estruturada que esteja nossa vida e por melhor que tenha sido a nossa formação e a de nossos filhos, a lacuna que o sistema gera para um contingente tão grande de brasileiros impacta a qualidade de vida, o dia a dia de todos nós. [...]

    Quanto à educação formal, pode-se dizer que tal investimento não começa apenas nos ensinos fundamental e médio: se dá a partir da educação infantil. Sabe-se que os investimentos, ainda na primeira infância, não só reduzem a desigualdade, mas também produzem ganhos tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. No entanto, a urgência frente ao “apagão de mão de obra” tem gerado uma pressão por investimento no ensino médio. A questão de fundo, porém, continua sendo: por que algumas crianças vão tão longe e outras ficam condenadas aos limites de sua inserção social?

    A falta de condições necessárias para desenvolver seu potencial acaba impedindo a mobilidade de um enorme contingente de crianças e jovens. Isso pode ser causado por inúmeros fatores sociais, econômicos, culturais, familiares. No entanto, entre eles, é possível destacar a quantidade e qualidade dos estímulos e informações aos quais os indivíduos são submetidos desde pequenos.

    Tal constatação pode parecer simples, e a resposta imediata a esse problema seria, então, ampliar o nível de exposição de todos à informação e a práticas culturais qualificadas. Sem dúvida, isso é parte da solução, mas, infelizmente, não é suficiente. Para além do contato com a informação, são necessárias interações que promovam o desenvolvimento de capacidades que levem os sujeitos a ultrapassar o mero consumo de conhecimentos. Trata-se, portanto, de colocar a ênfase no processamento e na produção de ideias, reflexões e respostas. E isso se dá por meio da interação com os adultos e com os objetos de conhecimento. A diferença vai se estabelecendo na qualidade da interação cotidiana e na forma de estimular e acreditar na capacidade daquele pequeno ser. [...]

    Atualmente, muitas crianças brasileiras já têm acesso a livros, bibliotecas, laptops, celulares etc. Entretanto, as práticas dos atores que mediam o acesso a essas “tecnologias” são muito diversificadas. E é nesse espaço invisível que se configuram a marginalização e as diferenças na qualidade do relacionamento que as crianças têm com a cultura letrada. Um educador que utiliza estruturas mais sofisticadas da língua para se comunicar com seus alunos, ainda que bem pequenos, e propõe atividades que os incentivem a aprender sobre e a partir da linguagem, oferecerá um contexto favorável ao desenvolvimento de habilidades e conhecimentos que amplificam seu potencial cognitivo. Em contrapartida, alunos expostos a práticas mais mecânicas, transmissivas, podem continuar limitados ao consumo do conhecimento.

    A educação pode e deve promover o desenvolvimento pessoal e a inserção social, especialmente em um país com tantas desigualdades como o Brasil. É necessário entender que o acesso à informação não é suficiente para transformar a nossa realidade e que é na composição de inúmeros microaprendizados cotidianos que se cria a oportunidade de desenvolvimento cognitivo. O processo de aprendizagem é cultural e precisa de mediação qualificada desde muito cedo. Portanto, para além da urgência de fazer frente ao “apagão da mão de obra”, é necessário investir na produção de conhecimentos no campo da linguagem e nos saberes específicos que se dão na interface entre os domínios teórico e prático. Precisamos subsidiar os professores que atendem à primeira infância, a fim de que todas as crianças brasileiras, desde muito cedo, possam participar regularmente de situações produtivas de aprendizagem.

(Beatriz Cardoso. O Globo, 21 de julho de 2014.)

Em relação ao emprego do acento grave, indicador da crase, em “[...] ampliar o nível de exposição de todos à informação e a práticas culturais qualificadas.” (4º§) é correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • Gab: D

    A) ERRADA: a ocorrência de crase é facultativa em “à informação”. >> o substantivo "informação" não corresponde a nenhuma das opções de crase facultativa (diante dos nomes próprios de pessoas, antes de possessivos e depois da preposição até que antecede substantivos femininos);

    B) ERRADA: a ocorrência de crase é facultativa em “a práticas culturais qualificadas.” >> Não há crase em "a" no singular, diante de palavra no plural;

    C) ERRADA: diante de “práticas culturais e qualificadas” a ocorrência de crase é obrigatória. >> Perceba que no trecho o "a" está no singular e diante de palavra no plural, logo, crase nem a p-a-u;

    D) CORRETA: a ocorrência do termo regente “exposição” e a ocorrência da admissão do artigo “a” diante do termo por ele regido justificam o uso do acento grave em “à informação”. >> Quem se expõe, se expõe a algo ou a alguém > temos um verbo transitivo indireto regendo a preposição "a" + artigo definido "a" que antecede o substantivo "informação" >> a contração dessa preposição e deste artigo definido gera crase.

  • Discorrendo em linhas concisas, Celso Pedro Luft, nas primeiras páginas de Decifrando a Crase, ensina que se usa o acento grave no "a" em duas circunstâncias apenas:

    1ª) para sinalizar a crase, isto é, para indicar que o "a" vale por dois: à = a + a;

    2ª) para sinalizar preposição "a" em expressões de circunstância com substantivo feminino singular, indicando que não se deve confundir com o artigo "a" (p.ex. escrever à mão, cortar à faca, etc.)

    O fragmento a ser inspecionado:

    “[...] ampliar o nível de exposição de todos à informação e a práticas culturais qualificadas.”

    O termo regente é o substantivo "exposição", que reclama a preposição "a". Por sua vez, o termo regido (informação) está determinado por artigo "a". Ora, desse encontro entre a + a resulta a crase: exposição a + a informação = exposição à informação.

    a) a ocorrência de crase é facultativa em “à informação”.

    Incorreto. Não é facultativa, uma vez que o nome "informação" está determinado;

    b) a ocorrência de crase é facultativa em “a práticas culturais qualificadas.

    Incorreto. O segmento não está determinado por artigo "as", de modo que é impossível marcar o fenômeno da crase, tendo em vista que ocorre tão somente a preposição "a" requerida pelo substantivo "exposição";

    c) diante de “práticas culturais e qualificadas” a ocorrência de crase é obrigatória.

    Incorreto. É proibida pelo motivo acima exposto;

    d) a ocorrência do termo regente “exposição” e a ocorrência da admissão do artigo “a” diante do termo por ele regido justificam o uso do acento grave em “à informação”.

    Correto. O substantivo "exposição" reclama preposição "a" e o termo "informação" está determinado por artigo "a". Dessa fusão, resulta a crase: exposição a + a informação = à informação.

    Letra D

  • "a ocorrência de crase é facultativa em “a práticas culturais qualificadas.”

    • Quando o "a" estiver no singular, diante de uma palavra no plural, não ocorre crase

    • Ex. Referi-me a todas as alunas, sem exceção. 

    • Não gosto de ir a festas desacompanhado.

    •  - "a" no singular palavra no plural crase nem a pal. 
  • Gabarito D

    A - a ocorrência de crase é facultativa em “à informação”.

    Não se trata de um caso de crase facultativa . Alguns casos de crase facultativa são os seguintes:

    A crase é facultativa antes de pronome , adjetivo ,possessivo feminino

    Exemplo : obedeça à sua mãe !

    Famoso bizu de crase facultativa : até , sua , maria !

    B

    a ocorrência de crase é facultativa em “a práticas culturais qualificadas.”

    Não cabe crase nessa frase ,pois a crase também deveria aparecer no plural "às".

    C

    diante de “práticas culturais e qualificadas” a ocorrência de crase é obrigatória.

    Não cabe crase

    D

    D - a ocorrência do termo regente “exposição” e a ocorrência da admissão do artigo “a” diante do termo por ele regido justificam o uso do acento grave em “à informação”.

    Nossa alternativa

    Insistência ,resistência e não desistência = Aprovação !