“As luzes se apagam em toda a Europa”, disse Edward
Grey, secretário das Relações Exteriores da Grã-Bretanha,
observando as luzes de Whitehall na noite em que a GrãBretanha e a Alemanha foram à guerra. “Não voltaremos a
vê-las acender-se em nosso tempo de vida”. Em Viena, o
grande satirista Karl Kraus preparava-se para documentar e
denunciar essa guerra num extraordinário drama-reportagem
a que deu o título de Os Últimos Dias da Humanidade. Ambos
viram a guerra mundial como o fim do mundo, e não foram os
únicos.
“[...] A humanidade sobreviveu. Contudo, o grande edifício
da civilização do século XX desmoronou nas chamas das
guerras mundiais, quando suas colunas ruíram. Não há como
compreender o breve século XX sem ela. Ele foi marcado
pela guerra. Viveu e pensou em termos de guerra mundial,
mesmo quando os canhões se calavam e as bombas não
explodiam. Sua história e, mais especificamente, a história
de sua era inicial de colapso e catástrofe devem começar
com a da guerra mundial de 31 anos. [...]”
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995, p. 30.
Para o historiador Eric Hobsbawm, as duas guerras mundiais
ocorridas no século XX se referem a um mesmo processo, que
se inicia em 1914 e se encerra em 1945. Esta análise se sustenta
historicamente no fato de que